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PT X PT
Senadora diz que aceitaria supensão por votar contra a posição do partido
Genoino nega acordo para evitar expulsão de Helena
JULIA DUAILIBI
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente nacional do PT, José Genoino (SP), descartou ontem
a possibilidade de acordo com a
senadora Heloísa Helena (PT-AL)
que permita que ela vote contra as
reformas do governo em troca de
uma mera suspensão.
Helena já havia sinalizado essa
hipótese e voltou a dizer ontem,
nos intervalos do seminário promovido pelo PT e pela Fundação
Perseu Abramo a respeito da reforma da Previdência Social, em
São Paulo, que aceita ser punida
com uma pena de suspensão, mas
quer ter o direito de votar contra
projetos do governo.
A senadora alega que essa possibilidade está prevista no estatuto
do partido. Segundo ela, foi o
mesmo entendimento aplicado
pelo PT no caso do ex-deputado
Eduardo Jorge (PT-SP), que votou a favor da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) contrariamente à
orientação do partido e, por isso,
foi punido com uma suspensão.
"Quero preservar a convicção
ideológica e programática que
nós acumulamos. Votar uma proposta que colide com isso não é
justo e não é possível", disse.
Para Genoino, não há nenhuma
possibilidade de que essa proposta seja aceita. "Não recebi essa
proposta oficialmente, mas já está
descartada. Se liberar para um,
tem de ser liberado para todos os
14 senadores e 92 deputados", disse o presidente do PT.
"O PT não dá tratamento especial. O partido não libera voto
com pena previamente definida",
disse Genoino. "Nem o Lula reivindicou alguma coisa parecida
com isso alguma vez."
O presidente do PT disse que o
caso de Eduardo Jorge em relação
à CPMF é diferente da situação
dos radicais. "Aquela era uma votação pontual, não era estratégica
para o PT", disse Genoino.
Segundo o presidente do partido, haveria apenas "uma possibilidade" para os parlamentares: "O
PT aceita que o parlamentar exponha publicamente suas opiniões. Mas, uma vez definida a
posição, tem de votar junto".
Ao saber da opinião de Genoino, Helena disse que não queria
"polemizar" com o presidente do
PT, conduta que ela tem adotado
nos últimos dias. Para alguns petistas, o fato de Heloísa Helena ter
deixado de fazer críticas ao governo é um sinal evidente de que ela
está disposta a não tornar sua situação irreversível.
"Aceito a medida disciplinar do
estatuto. Só não aceito que o rasguem", afirmou a senadora.
Os deputados Luciana Genro
(RS) e João Batista de Araújo, o
Babá (PA), discordaram da hipótese de receberem uma pena mais
leve em troca da possibilidade de
votarem contra o governo.
O PT abriu contra os dois deputados e a senadora Heloísa Helena
um processo na Comissão de Ética do partido para analisar a oposição que vêm fazendo às reformas propostas pelo governo.
Integrantes da comissão resolveram, na semana passada, adiar
a primeira audiência que teriam
com os acusados de hoje para os
dias 28 e 29 de junho. A decisão
contou com o apoio do Planalto
que pretende, dessa forma, tirar o
assunto do noticiário, considerado negativo para o governo.
"Não há que se falar em punição. Qualquer coisa nesse sentido
é injusta", disse Luciana Genro.
Para Babá, a tese da senadora é
equivocada. "Não aceitamos punição", disse.
Mesmas regras
Heloísa Helena descartou a possibilidade de receber uma punição diferente da dos outros dois
parlamentares. Anteontem, a prefeita Marta Suplicy, que é vice-presidente do partido, havia dito
que a situação de Babá e Luciana
Genro é mais complicada que a da
senadora em razão das declarações polêmicas feitas pelos deputados nos últimos dias.
"Jamais poderia aceitar uma
medida disciplinar diferenciada",
afirmou Heloísa Helena.
Segundo Luciana, não passa de
"especulação" a possibilidade de
a senadora receber uma punição
diferente da dela e da de Babá.
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