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PT X PT
Berzoini diz que é preciso acabar com "fantasmas ideológicos'; Helena contra-ataca
Seminário do PT vira palco da esquerda anti-reforma
DA REPORTAGEM LOCAL
O seminário organizado pelo
PT e pela Fundação Perseu Abramo para discutir a reforma da
Previdência Social acabou virando ontem palco para que petistas,
na sua maioria ligados às tendências de esquerda do PT, criticassem o projeto de emenda constitucional enviado pelo governo ao
Congresso. Em resposta, o ministro Ricardo Berzoini (Previdência), que participou da sessão da
tarde, disse que era preciso acabar
com os "fantasmas ideológicos"
de muitos militantes.
As críticas concentraram-se na
platéia, quando foi dada a palavra
aos militantes e parlamentares do
partido. Na parte da manhã, das
mais de 20 pessoas que se manifestaram, apenas uma defendeu o
projeto do governo.
Um dos pontos mais polêmicos
foi a tributação dos servidores
inativos. A posição dos aposentados e pensionistas foi defendida
pela maioria das pessoas que pediu a palavra durante o evento.
O presidente da CUT, João Felício, chegou a receber aplausos da
platéia, formada por cerca de 300
pessoas, quando disse que era um
"mito" dizer que os servidores se
aposentam com o salário integral.
Ele criticou também o aumento
da idade mínima para se aposentar -55 anos para as mulheres e
60 para os homens, segundo a
proposta do governo.
O deputado João Batista de
Araújo (PT-PA), o Babá, disse que
Berzoini, durante sua palestra, só
faltou discorrer sobre a "desaposentadoria". Outros militantes
destacaram a falta de coerência do
PT em relação às suas bandeiras.
O presidente do partido, José
Genoino, chegou a repreender
um dos presentes, que não era do
partido e criticou o PT. Apesar de
minutos antes ter convidado o
ouvinte a se filiar ao partido, ele
disse após ouvir as críticas: "Vou
dizer também que não acho bom
você falar assim do PT".
Berzoini e Helena
Segundo a organização do evento, cerca de 20 mil pessoas acessaram a internet para companhas as
discussões entre os petistas.
O ministro Berzoini chegou ao
seminário afirmando que o governo não tem a pretensão de
"convencer 100%" do PT. Mas
afirmou que o governo, por ter
elaborado uma proposta com
muito "carinho" e "critério", entende que os principais pontos do
projeto tem de ser preservados.
"Esperamos poucas mudanças
ou mudanças muito periféricas",
disse, ao se referir às emendas que
serão apresentadas ao projeto.
Depois de ter ouvido as críticas
dos petistas ao projeto do Executivo, Berzoini disse à platéia, que
chamou de "companheiros", ser
necessário "aprofundar" o debate
e acabar com os "fantasmas ideológicos". "Muita gente não leu
nem o projeto", afirmou.
Heloisa Helena (PT-AL), que
tomou a palavra após Berzoini ter
saído do auditório, disse ser "inaceitável a fraude no debate político" e caracterizou a reforma como "proposta que nada faz pelo
pobre, pelo pequeno e pelo oprimido".
Com os olhos marejados, um
discurso inflamado e o dedo em
riste em vários momentos, a senadora petista argumentou que a
população mais pobre do país,
quando tem problemas de educação, saúde ou segurança, "não é
atendida pelos discos voadores do
capital internacional, mas sim pelos servidores públicos que serão
penalizados" pela reforma do PT.
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