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Em família, Luciana
evita atritos com pai
DA REPORTAGEM LOCAL
Filha do ministro Tarso Genro
(Desenvolvimento Econômico e
Social), a deputada federal Luciana Genro, 32, aprendeu com o
tempo a lidar com as diferenças
que a transformaram em uma adversária política do próprio pai.
A intermediação entre os dois,
em campos opostos desde a adolescência da agora deputada, ficou sob a responsabilidade da
mãe, que chegou a pedir que ambos evitassem falar em política em
nome da "unidade familiar".
A estratégia aparentemente deu
certo. Prova disso é que, na última
terça-feira, depois
de participar da
divulgação de
uma fita com declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
criticando medidas e pessoas que
hoje apóia, ela se
reuniu com o pai e
a mãe em um jantar de família.
"Quando eu era
adolescente nos
provocávamos.
Mas hoje falamos
superficialmente
sobre política.
Com o meu amadurecimento e
com a aceitação
dele, evitamos
conversas mais
acirradas", diz ela.
"Também não peço conselhos
nem ele costuma oferecer. Ele
nunca me pediu para parar de criticar [o governo] e eu nunca disse:
"meu pai, não bota tanto empresário no seu conselho...", provoca.
Mãe aos 17 anos, acabou também disputando com Tarso a
atenção do filho, hoje com 15
anos. Segundo ela, até pouco tempo o menino demonstrava maior
"simpatia" às idéias do avô. "Eu
dizia que ele era "tarsista", ri.
"Mas entendia. Cobiçava muito o
"apoio" dele, mas, do mesmo jeito
que eu divergia do meu pai, achava que ele tinha esse direito."
Aos poucos, o agora adolescente passou para o lado da deputada. "Depois da eleição do Lula então... virou um radical."
Jogador de futebol das categorias de base do Grêmio, o garoto
não demonstra interesse em seguir a carreira da família, mas Luciana diz não se importar. ""Ótimo
[ele ser jogador]. Não vai ser um
Ronaldinho, mas tem talento."
Convivendo com a política desde criança, a deputada cresceu
ouvindo histórias sobre o combate ao regime militar. Em 1982,
com apenas 11 anos, participou de
sua primeira eleição, distribuindo
panfletos dos candidatos apoiados pelo ministro.
Já na 8ª série do ensino fundamental, contrariou o pai para
poder estudar no
colégio público de
maior movimentação estudantil
da cidade. Lá conheceu o PT.
"Meu pai queria
um colégio particular, mais certinho, queria ter
certeza de que eu
ia estudar e não
fazer parte do
movimento estudantil", afirma.
Foi lá também
onde, aos 14 anos,
fez seu primeiro
discurso, uma homenagem ao Dia
Internacional da
Mulher. "Foi uma
emoção grande. Eu tremia, mas
com felicidade. Senti que era o
meu show, a minha praia."
Ameaçada de expulsão pelo PT,
ela passa por um processo semelhante ao que viveu em 1992,
quando a corrente de esquerda da
qual fazia parte, a Convergência
Socialista, foi convidada a se retirar da legenda. Ela preferiu ficar.
Estudante de direito, também já
participou da defesa de colegas de
faculdade ameaçados de expulsão
pelo comando da instituição, mas
não teve sucesso. "Não acho que
seja um mau presságio", diz. "Sei
que hoje não estamos sós. Representamos uma parcela importante do PT e da população."
(PATRICIA ZORZAN)
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