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VÔO CEGO
Decisão retira obstáculo às negociações com a TAM; novos curadores prometem avançar processo de fusão
Controladores da Varig são destituídos
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Os integrantes do colégio deliberante da FRB (Fundação Ruben
Berta), controladora da Varig,
destituíram ontem os sete curadores da fundação, numa decisão
que pode acelerar a fusão da companhia com a TAM.
Entre os destituídos está o presidente do conselho curador, Yutaka Imagawa, visto como principal
adversário da operação. Dos 220
integrantes do colégio, 218 compareceram à assembléia.
Os novos curadores divulgaram
nota na qual se comprometem a
"dar prosseguimento às negociações em direção ao processo de
fusão". Segundo a nota, "é intenção do novo conselho de curadores trabalhar intensamente no
resgate da credibilidade da Fundação Ruben Berta com a sociedade, parceiros, autoridades governamentais e principalmente os
funcionários do grupo."
Imagawa afirmava ser defensor
da fusão, mas, por mais de uma
vez, foi acusado de articular mudanças na direção do grupo, a fim
de adiar o processo. Ele e os outros seis curadores destituídos foram substituídos pelos suplentes,
eleitos há um ano e meio. No novo conselho curador, a maioria se
opõe a Imagawa e é favorável à fusão, por considerá-la a única solução para a crise da Varig.
O novo presidente do conselho
curador é Norberto Hoffman, o
suplente mais votado na última
eleição. Hoffman é diretor da Varig em Porto Alegre e, na disputa
interna, sempre se aliou a Imagawa. A vice-presidência, porém, ficou com Carlos Luiz Martins, diretor de operações da companhia
e um dos principais articuladores
da assembléia de ontem.
Na FRB, o principal motivo da
resistência ao projeto de fusão é o
fato de reservar aos acionistas da
Varig apenas 5% de participação
na nova companhia. A empresa
assumiria a dívida declarada da
Varig, que é de US$ 800 milhões.
Entre as condições para a fusão
que vêm sendo impostas pela fundação estão a manutenção do nome Varig e a garantia de que duas
empresas do grupo que ficariam
fora do negócio -a Ven (manutenção) e a Sata (serviços terrestres)- prestariam serviço por pelo menos sete anos à nova companhia de aviação. A TAM se opõe a
esta última condição.
No último mês, a direção da Varig tem pressionado o governo a
conceder-lhe, por meio do
BNDES, um empréstimo-ponte
para que a empresa possa se manter até a fusão, prevista para setembro. O presidente do BNDES,
Carlos Lessa, vinha resistindo ao
empréstimo, mas, na sexta-feira,
declarou que o banco poderia ajudar a Varig a obter uma folga no
pagamento de suas dívidas com a
BR Distribuidora e o Banco do
Brasil, desde que houvesse a "promessa de casamento indissolúvel
[entre Varig e TAM]".
A tendência é que o novo conselho curador não troque o presidente da Varig, Roberto Macedo,
que assumiu há menos de um
mês. Mas o presidente da FRB Par
(Fundação Ruben Berta Participações), Gilberto Rigoni, pode ser
substituído. Também considerado adversário da fusão, ele foi um
dos curadores destituídos ontem.
A FRB Par é a empresa pela qual a
fundação controla todas as companhias do grupo Varig.
Rigoni vinha buscando alternativas à fusão, que incluiriam supostas negociações com um grupo português e um banco alemão.
Os novos curadores vão escolher o conselho de administração
da FRB Par. Um dos nomes possíveis para substituir Rigoni é o de
Manuel Guedes, ex-presidente da
Varig.
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