|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Perus abrigou
cadáveres sem
identificação
DA SUCURSAL DO RIO
Construído no começo dos
anos 1970, o cemitério de Perus
foi depósito de cadáveres sem
identificação (alguns de vítimas
do esquadrão da morte), de ativistas de esquerda e indigentes.
Desde o final daquela década as
famílias começaram a descobrir
os restos de militantes políticos
enterrados no local, conforme o
livro "Mortos e Desaparecidos
Políticos: Reparação ou Impunidade?" (Humanitas, 2000), da historiadora Janaína Teles.
Em 1990, foi descoberta uma vala clandestina. Em 1992, as famílias supuseram ter encontrado os restos de Torigoe e de outro militante, Luiz José da Cunha (neste
caso não há confirmação).
As ossadas -1.049 da vala e algumas dos anos seguintes- foram levadas para a Unicamp, a fim de identificar quais seriam de
desaparecidos políticos.
Na universidade, passaram boa
parte do tempo armazenadas sem
os devidos cuidados técnicos,
com sacos abertos e restos de móveis jogados por cima.
Em 2000, a pedido das famílias,
foram transferidas para a USP,
cujo Departamento de Medicina
Legal as está analisando, sob a
coordenação do professor Daniel
Muñoz.
Mais corpos
As famílias dos mortos estimam
que, além dos restos de Hiroaki
Torigoe, ainda estão em Perus,
com certeza, os de Luiz Hirata e
de José Milton Barbosa.
"Deve haver mais", diz Suzana
Lisboa, cujo corpo do marido, o
guerrilheiro Luiz Eurico Lisboa,
foi desenterrado nos anos 1980 no
cemitério paulistano.
Suspeita-se que nas ossadas recolhidas na vala estejam as de Flávio Molina, Dimas Casemiro,
Francisco José de Oliveira e Grenaldo de Jesus da Silva.
Se não estiverem na USP, estão
no cemitério, cujos livros registram que lá foram enterradas na
vala. Os restos de cinco mortos
(dois deles da vala) foram identificados nos anos 1990. Antes, pelo
menos seis, todos de covas individuais.
(MM)
Texto Anterior: Regime militar: Famílias planejam novas buscas em Perus Próximo Texto: Frases Índice
|