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Governo diz ir contra autoritarismo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo afirma que a disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de montar conselhos e
grupos de trabalho com frequência é o resultado da decisão de inverter uma "tradição autoritária
no Brasil".
"A implantação de mecanismos
de participação da sociedade no
processo democrático é urgente.
O Brasil tem uma tradição autoritária, de alijamento da sociedade
civil, de empresários e trabalhadores das decisões políticas", disse o líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP).
"Democracias mais evoluídas já
adotaram a iniciativa de montar
conselhos com ampla participação social. A União Européia é um
exemplo disso, tem o seu conselho há mais de meio século", afirmou Mercadante.
Para o senador, não há incompatibilidade entre a necessidade
de dar agilidade a decisões e o extenso debate em conselhos. "A
condução firme da economia e a
rapidez com que são elaboradas
as reformas são provas disso",
afirma Mercadante.
O governo diz que a apreciação
por instâncias de debate é uma característica antiga do presidente e
que a promessa de campanha de
proceder dessa forma foi uma das
razões que o levaram à vitória.
Lula adotou a tese de transformar o Brasil em uma "grande mesa de negociações" como estratégia para convencer setores mais
resistentes à sua candidatura de
que não iria promover choques
ou medidas bruscas.
Passado sindical
Para isso, o então candidato petista frequentemente lembrava
seu passado de líder sindical que
não se negava a negociar com empresários da região do ABC
(Grande São Paulo).
Citava ainda a experiência no
Instituto Cidadania, a ONG que
criou para elaborar projetos que
reuniam figuras estranhas ao PT,
como o senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), convidado
para participar de um seminário
sobre pobreza.
Setores do governo admitem
que existe uma certa "síndrome
do reunismo" no governo, como
definiu recentemente o ministro
Tarso Genro, que coordena o
Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social.
"Mas o excesso de reuniões é
muito melhor do que a falta dela,
como ocorria no governo anterior", afirmou Genro.
A oposição não se mostra muito
impressionada. "Na oposição o
assembleísmo até pode funcionar, mas, no governo, é extremamente nocivo. Paralisa e atrasa
decisões que exigem firmeza",
disse o senador Artur Virgílio
(PSDB-AM). "O lema do governo
é reunir para convocar, convocar
para reunir", afirmou.
(FZ E LS)
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