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ONG cobra rigor contra corrupção e cita Alstom
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
A investigação sobre as suspeitas de pagamento de propinas da empresa francesa Alstom no Brasil e em outros países é citada num relatório divulgado ontem pela Transparência Internacional como um
exemplo preocupante do pouco
rigor dos países no combate à
corrupção cometida por suas
empresas no exterior.
O estudo, que analisa o desempenho de 34 países, coloca
a França entre aqueles que
avançaram no combate à prática, mas diz que pressões políticas têm atrasado investigações
sobre casos de corrupção. A
Alstom foi salva da falência em
2004 graças a uma injeção de
capital do então ministro de Finanças da França, o hoje presidente Nicolas Sarkozy.
Trata-se de um balanço do
cumprimento da Convenção
contra a Corrupção de Funcionários Públicos da OCDE, que
já foi retificado por 37 países,
entre eles o Brasil. A organização reprova o Brasil em quase
todos os critérios de avaliação,
afirmando que no país é difícil
denunciar casos de corrupção e
que as agências do governo são
"em geral ineficientes" no combate à prática.
Para Jillian Dell, uma das autoras do relatório, o caso Alstom é um exemplo de como o
acordo de 1997 mudou apenas
parcialmente a mentalidade
empresarial em países da Europa. "Houve uma mudança positiva em relação à corrupção doméstica, mas continua havendo
leniência à praticada no exterior", disse Dell à Folha. Ela lamentou a escassez de informações oficiais em casos como o
Alstom. "É preciso mais transparência nas investigações."
Reunido na semana passada,
o Grupo contra a Corrupção da
OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico) discutiu as investigações sobre a empresa francesa. "O caso Alstom foi tema
do encontro e de recomendações dos países membros",
confirmou o porta-voz da
OCDE, Nicholas Bray.
Três investigações estão em
curso na Justiça da Suíça sobre
o caso Alstom, informou à Folha o Ministério Público. Uma
delas é especificamente sobre o
uso de bancos suíços para pagar
propinas no Brasil. A segunda é
sobre "cidadãos franceses suspeitos de, entre outras coisas,
subornar funcionários públicos
estrangeiros". Uma terceira envolve a Alstom e tem como alvo
o banqueiro suíço Oskar Holenweger, suspeito de lavagem
de dinheiro no caso.
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