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ALTA ESPIONAGEM
Chefe mundial de investigações da empresa coloca sobre Telecom Italia a responsabilidade pelo vazamento de relatório de espionagem
Italianos manipulam governo, diz Kroll
DA REDAÇÃO
Chefe mundial de investigações
da Kroll, Frank Holder admite
que o araponga Thiago Verdial
trabalhou para a empresa e foi
grampeado pela Polícia Federal.
No entanto, coloca sobre a Telecom Italia, e não sobre o governo,
a responsabilidade pelo vazamento de relatório interno da agência
de investigações, que, segundo
ele, pode ter sido adulterado. "Ela
[a Telecom Italia] quer manipular
o governo", disse Holder à Folha.
Para Holder, a briga entre a Brasil Telecom e a Telecom Italia.
(MARCIO AITH)
Folha - O relatório da Kroll descreve algumas mensagens entre o
sr. Luiz Roberto Demarco e o titular
da Secretaria de Comunicações do
governo. Além disso, o presidente
do Banco do Brasil foi monitorado,
assim como o Judiciário do Rio,
fundos de pensão etc. Não lhe parece uma investigação abusiva?
Frank Holder - Se existe alguém
cometendo abusos, atuando de
forma questionável nessa disputa,
não somos nós nem nosso cliente
[a Brasil Telecom]. Somos uma
companhia listada em Bolsa de
Valores e com atuação mundial.
Respeitamos a lei de todos os países onde operamos. A Telecom
Italia, por sua vez, repetidamente
se envolveu em atos questionáveis
em seus ataques para retomar o
controle da Brasil Telecom. Não é
propriamente ilegal ter um e-mail
de alguém. O que interessa é como você conseguiu essa informação. Se uma fonte lhe entrega uma
informação que pode ser de seu
interesse, e se essa fonte for a dona
dessa informação, aí não há ilegalidade. Se você entrar no computador de uma pessoa, aí, sim, é ilegal. Mas a Kroll não faz isso.
Folha - E com relação a viagens do
presidente do BB, Cássio Casseb?
Holder - O mesmo ocorre nesses
casos. Você não precisa seguir alguém para saber que ele vai viajar.
Pode obter informações com fontes que sabem da viagem. Isso é
perfeitamente legal.
Folha - Você pode filmar reuniões
de uma pessoa no exterior? Pode
gravá-la entrando e saindo de hotéis? Descrever seus encontros?
HolderDepende do país. As leis
de alguns países admitem, outras,
não. Mas, claramente, nós não fizemos isso e nem faríamos. Não
conduzimos esse tipo de operação, embora não seja necessariamente ilegal, dependa da jurisdição de onde você esteja. Mas não
filmamos o sr. Casseb.
Folha - O que o leva a crer que os
relatórios em nome da Kroll em poder do governo sejam falsos?
Holder - Acho que são completamente falsos ou foram adulterados para transmitir a aparência de
que um lado nessa história é bonzinho e o outro, mau. Ninguém
envia papéis para um governo de
forma gratuita. Uma empresa ou
pessoa só os envia na esperança
de que o governo fará, para ela, o
trabalho sujo que deseja.
Folha - Você está dizendo que o
material é falso ou apenas sugerindo que possa ser falso?
Holder - Estou dizendo que acredito que o material possa não ser
verdadeiro. Não nego termos sido
contratados pela Brasil Telecom
para ajudá-los na disputa com a
Telecom Italia.
Folha - Thiago Verdial foi grampeado pela PF. Foi por meio dele, e
não da Telecom Italia, que o governo descobriu a existência da investigação da Kroll. O governo diz já
ter os documentos da Kroll há meses, ao menos desde março.
Holder - Não acredito nisso. De
fato, Verdial trabalhou para a
Kroll. Sei também que a PF grampeou sua [de Verdial] linha telefônica dentro de uma investigação
oficial que fazia sobre a Parmalat.
Mas não acho que esse episódio
tenha permitido ao governo acesso aos papéis que seriam da Kroll.
Na verdade, a Telecom Italia quer
manipular o governo. Ou você
acha que a empresa está cumprindo seu dever cívico?
Folha - Não seria natural supor
que as duas empresas estão longe
de cumprir papéis cívicos dentro
desse conflito?
Holder - Quando lidamos com
uma disputa corporativa nesse nível, com esse volume de dinheiro,
não há inocência. Além disso, Itália e o Brasil não são paradigmas
de governança corporativa.
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