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JANIO DE FREITAS
A hora das regras
Ao dizer em Recife, no dia 9,
que "Ciro gosta mesmo é de
dólar, ele é fanático pelo dólar",
José Serra não teve a repercussão presumivelmente pretendida, mas fincou uma placa no percurso da campanha eleitoral:
"declive perigoso".
Nos últimos dias, as farpas e
provocações que os dois vinham
trocando, já antes de candidatos oficiais, passaram ao estágio
de ataques e respostas com insultos graves e diários.
Em entrevistas e em eventos
públicos, candidatos podem dizer o que quiserem, de si e de outros, sujeitos os seus excessos a
providências legais. No horário
eleitoral gratuito é diferente.
Nele, mais do que os candidatos,
a Justiça Eleitoral tem o dever
de impedir ou punir transgressões éticas. A menos que tenham
fatos e dados objetivos sobre
condutas comprometedoras de
seus adversários, os candidatos
têm que obedecer a dois condicionamentos.
De gratuito, o horário só tem o
nome, sendo compensado com
recursos que saem indiretamente dos bolsos do eleitorado. Isso,
para que os eleitores possam fazer escolha mais fundamentada
entre os candidatos, aos quais
são dadas, para tanto, oportunidades relativamente equitativas
de expor o sentido de suas candidaturas.
As canalhices a que chegou a
campanha de Collor, muitas sob
impune responsabilidade criminosa de setores da mídia, sempre serão uma advertência à
Justiça Eleitoral, para agir com
rigor e presteza mesmo ao menor sinal de desregramento. Já
virá atrasada -se vier- a aplicação desse rigor.
PS - Nesta hora em que a disputa começa a ferver, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Nelson Jobim -o da verticalização, e da instrução a
PSDB e PMDB sobre o modo de
ganhar certo recurso no tribunal, e do parecer dado de madrugada em favor desse recurso
-viaja em "tour" pela China.
Crime
Justiça Eleitoral? A impugnação da candidatura do petista
Jorge Viana à reeleição no Acre,
sentenciada pelo TRE local, está
muito além de qualquer qualificação publicável. Na trama para favorecer o esquema político
do crime organizado, mesmo a
OAB acreana está implicada.
O Tribunal Superior Eleitoral
julgará recurso de Jorge Viana,
impugnado a pretexto de que
usou na campanha a mesma
imagem de árvore que serviu ao
slogan do seu governo. Mas a
decisão final, ainda que favorável a Jorge Viana, será insuficiente: é o caso de uma investigação séria do TSE sobre o que
se passa no TRE acreano. A
omissão é ajuda ao crime organizado que ameaça até a vida
de Jorge Viana e outros dos que
o combatem.
Promessa
Tomara que José Serra, se eleito, crie mesmo, em quatro anos,
os empregos que promete, oito
milhões, quatro milhões no
meio rural. Mas seria bom que
mudasse sua mais recente promessa, feita na goiana Alexânia: se eleito, disse que vai duplicar "as estradas" que ligam Brasília ao Rio. Uma obra grandiosa, para a qual o programa da
"Grande Aliança" deve conter,
embora em total sigilo, recursos
monumentais.
Mas por que o Rio? A ligação
com São Paulo faria mais sentido. O Rio já tem problemas em
excesso.
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