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CAMPANHA
Em Santarém (PA), candidato petista critica acordo com o FMI e diz que a corrupção no país "é histórica e crônica"
"Elite brasileira é perversa", afirma Lula
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTARÉM
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou ontem que a "elite brasileira
é perversa", sendo fonte geradora
de corrupção, que "é histórica e
crônica". Lula respondia sobre o
como combater a corrupção a jornalistas em Santarém (PA). "A corrupção no Brasil é histórica e
crônica, porque a elite brasileira é
perversa", disse.
O petista exemplificou sua afirmação com o caso da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), que acabou
extinta após uma sucessão de desvios apontados pelo próprio governo e pelo Ministério Público.
"Por causa do [ex-senador e
agora candidato a deputado] Jader Barbalho, a Sudam foi fechada. Não seria o caso de fechar o
órgão, e sim prender quem roubou", disse. Jader é citado em diversos inquéritos sobre desvios, e
sempre negou ter cometido irregularidades.
Lula participou de uma carreata
no centro de Santarém e de um
showmício para cerca de 5 mil
pessoas, segundo a Polícia Militar.
Após ir a Brasília para dar
apoio, com reservas, ao acordo
entre o Brasil e o FMI (Fundo Monetário Internacional), Lula voltou, em cima de um palanque, ao
discurso mais agressivo contra o
fundo e suas políticas.
"É preciso ter cuidado para
quem toma empréstimo, porque
quando tiver de pagar, a porca entorta o rabo", afirmou na praça
Matriz da cidade.
"O povo está sendo enganado
há muitos anos. Para que o Brasil
dê certo, é só acabar com a roubalheira e com a safadeza e usar o dinheiro corretamente, para que o
país seja moralizado."
No discurso, Lula usou a obra
inacabada da rodovia Cuiabá-Santarém para atacar o governo
federal. "O ministro da Fazenda, o
ministro dos Transportes e o presidente da República não têm a
decência de passar pela rodovia e
perceber o quanto o povo sofre."
Também falou sobre a compra
de novos caças para a Força Aérea
Brasileira, negócio de US$ 700 milhões que será analisado em reunião do Conselho de Defesa Nacional nesta semana. O presidente
Fernando Henrique Cardoso tende a deixar a decisão final para ser
tomada em conjunto com o seu
sucessor, após as eleições.
"Eu pedi para o FHC adiar, no
nosso encontro. Aguardo sua resposta", disse Lula, que depois engrossou o coro de candidatos como José Serra (PSDB) -que querem o consórcio integrado pela
Embraer, que oferece o Mirage-2000BR, como vencedor.
"Gostaria que a Embraer [fosse
a escolhida], para que seja detentora de tecnologia e o avião seja
construído no Brasil", disse, misturando dois temas distintos sobre o negócio.
Primeiro, mesmo que ganhe, a
francesa Dassault (que lidera o
consórcio) não vai fazer o avião
no Brasil porque a venda de 12
unidades não justifica a abertura
de uma fábrica.
Segundo, a transferência de tecnologia para o Brasil é pré-requisito da FAB para todas as empresas, e o fato de a Embraer ser brasileira não garante maior ou menor transferência.
Alca
Lula voltou a justificar a ausência do PT no plebiscito que a
CNBB (Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil), a CUT (Central
Única dos Trabalhadores) e outras entidades vão promover sobre a aceitação da Alca (Área de
Livre Comércio das Américas,
proposta pelos EUA para entrar
em vigor em 2005).
"O PT é um partido que está
prestes a ganhar uma eleição nacional e não pode ficar brincando
de plebiscito", disse.
Em 2000, o partido de Lula participou de evento semelhante sobre a dívida externa.
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