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Paulistas dominam direção do PT e comando da campanha de Lula
MURILO FIUZA DE MELO
RAFAEL CARIELLO
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar de ter se expandido eleitoralmente por todo o Brasil, o PT
é hoje mais paulista do que quando foi fundado por metalúrgicos
do ABC, em 1980. A força de São
Paulo é hegemônica no núcleo
que dirige a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva e
domina a Executiva Nacional.
Dez dos 12 integrantes da coordenação nacional da campanha
de Lula são paulistas.
Levantamento feito pela Folha
mostra que a direção do PT não
acompanhou o processo de nacionalização do partido nas urnas
em seus 22 anos de história. A
participação de paulistas nas bancadas petistas da Câmara caiu de
75%, na eleição de 1982, para
23,7%, em 1998. No mesmo período, o poder de São Paulo na burocracia interna aumentou.
Na primeira Executiva Nacional
do PT, eleita em 1981, 33,3% dos
integrantes eram paulistas. Ao
longo da última década, essa participação atingiu índices que variaram entre 47,4% (2001) e 66,7%
(1999) -contabilizando os integrantes com direito a voto e excetuando os líderes do partido no
Senado e na Câmara.
É forte também a presença de
petistas de São Paulo no diretório
nacional, principal fórum político
do partido, composto por 81
membros. Hoje, 29,6% do diretório é formado por paulistas. O índice já chegou a 38,5% em 1995.
Associada a fatores ideológicos,
a "paulistização" sufocou lideranças de outras regiões do país.
Para o cientista político Jairo Nicolau, do Instituto Universitário
de Pesquisas do Rio, o PT cultivou
um processo decisório de baixo
para cima, mas nos anos 90 houve
uma concentração de poder. "O
crescimento da [corrente moderada] Articulação estabeleceu
uma hegemonia nacional no diretório e na Executiva. Como a corrente é majoritariamente paulista,
houve superposição."
A partir de 1995, com José Dirceu na presidência da sigla, os
moderados da Articulação obtiveram o controle do partido. O PT
adotou, então, alianças que sacrificaram candidaturas regionais
pelo projeto nacional. Foi esse o
caso de Heloísa Helena, que renunciou à disputa em Alagoas por
discordar da união com o PL.
"No PT de São Paulo, as formações mais à esquerda têm pouca
força, diferentemente do Rio
Grande do Sul e do Rio", diz Francisco de Oliveira, um dos principais intelectuais do partido.
Para Oliveira, São Paulo tende a
prevalecer porque o partido é
"mais bem organizado" no Estado. O que, diz, é compreensível:
"Ou os partidos têm presença forte em São Paulo ou são fracos. O
centro das questões é São Paulo."
Para Cristovam Buarque, o PT
deve absorver "o sentimento nacional". "Se ficar preso ao sentimento paulista, terá o destino do
PSDB, que nasceu, cresceu e pode
morrer em São Paulo."
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