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CAMPANHA
Principal articulador de Ciro, tucano atua como dublê de político e empresário para ampliar apoios à candidatura
Tasso atrai neociristas em bancos e empresas
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Só oficialmente Ciro Gomes
continua sendo o candidato da
Frente Trabalhista. A cada dia que
passa, a frente de Ciro parece ser
outra -e nela, além do PFL, começam a ocupar lugar de destaque economistas liberais e empresários que se projetaram com os
negócios das privatizações.
Na verdade, essa ala empresarial, financeira e tecnocrática (os
economistas) por ora frequenta
animada a ante-sala do cirismo.
Aguarda-se ainda uma recuperação de José Serra nas pesquisas
-o tucano a princípio é o candidato oficial do setor privado e do
governo. Mesmo na hipótese de
que isso não ocorra, parte dos empresários dá sinais de que prefere
a versão "light" de Luiz Inácio Lula da Silva. O PT aposta na divisão
do empresariado contra Ciro
num eventual segundo turno.
Os aliados de primeira hora,
PTB e PDT, além do PPS, desempenham hoje papel menor dentro
de uma coalizão em formação e
ainda sem perfil claro.
Quem amarra essas alas neociristas é o tucano Tasso Jereissati,
padrinho de Ciro, que na semana
passada formalizou o rompimento com a campanha de José Serra.
Dublê de político e empresário,
Tasso opera nas duas frentes.
Mais do que isso, coloca-se como
o grande avalista de um candidato
que ainda gera temor no mercado
e desconfiança no meio político.
Um dos gestos de Tasso foi o de
articular a incorporação de José
Alexandre Scheinkman, economista liberal radicado nos EUA, à
campanha. Foi um aceno ao mercado -o mesmo para o qual Ciro
disse dias antes "se lixar".
O anzol jogado na direção de
Scheinkman contou com o apoio
decisivo de um amigo de Tasso, o
empresário Carlos Alberto Sicupira, sócio da AmBev, a maior
cervejaria da América Latina, e da
Telemar, a maior empresa nacional de telefonia, em que também é
sócio o irmão de Tasso, Carlos Jereissati, da empresa de participações La Fonte.
Scheinkman foi apresentado a
Ciro por Beto Sicupira, que o conhecia através de Cláudio Haddad, diretor do Ibmec (Instituto
Brasileiro de Mercados de Capitais) e ex-sócio de Sicupira no
Banco Garantia. Haddad e
Scheinkman são velhos amigos.
Outra adesão de peso a Ciro articulada por Tasso é a de Jorge
Gerdau Johannpeter, o "rei do
aço", um dos líderes empresariais
mais destacados do país, amigo e
defensor do presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Gerdau lidera a Ação Empresarial, influente grupo de pressão
política composto de empresários
e executivos, que prefere atuar
nos bastidores. Discretos banqueiros de investimentos tentam
armar pontes com o mercado.
Crias da privatização
Além de seduzir a ala de economistas mais identificada à ortodoxia liberal que gravitou na órbita
da era FHC, Ciro começa a conquistar apoio de empresários que
emergiram nesse período, sobretudo por conta da privatização.
Entre eles, os mais destacados
são os irmãos Ricardo e Benjamin
Steinbruch, do grupo Vicunha e
da CSN (Companhia Siderúrgica
Nacional), que já conhecem Ciro
e Tasso do Ceará.
Há outros, como o ex-banqueiro paulista Manoel Francisco Pires da Costa, ex-dono do Banco
Patente e atualmente presidente
da Fundação Bienal, e Flávio Rocha, das lojas Riachuelo.
Outro feito de Tasso foi atrair
para Ciro o ex-diretor da ANP
(Agência Nacional de Petróleo) e
ex-genro de FHC, David Zylberstajn, que concordou em colaborar
na elaboração de um programa
para o setor energético.
Antes de ser convidado a participar da campanha de Ciro,
Zylberstajn já tinha conversado
com o ex-senador Antônio Carlos
Magalhães na Bahia. Foi quando
decidiu ir a Fortaleza conversar
com Tasso. O encontro ocorreu
na quarta-feira, logo após o jogo
do Brasil contra o Paraguai.
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