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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Partido envolve pré-candidato tucano em episódios negativos para o governo federal
PT lançará campanha para colar Serra a FHC
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT decidiu priorizar o esforço
de carimbar em José Serra o rótulo de candidato governista.
Para isso, o partido prepara
uma campanha em que buscará
reforçar a ligação do presidenciável tucano com políticas de Fernando Henrique Cardoso.
Estão em fase de preparação
panfletos e cartazes com o mote
"45 medidas contra o povo brasileiro que Serra apoiou". É uma referência clara ao PSDB, já que 45 é
o número da legenda.
As medidas a que se refere a
campanha petista abrangem políticas do governo criticadas pela
oposição e denúncias de corrupção durante os dois mandatos.
No primeiro grupo, estão, por
exemplo, a crise de energia elétrica, o aumento no preço da gasolina e a elevação da dívida interna.
No segundo, casos como o socorro aos bancos Marka e FonteCindam, supostas irregularidades na
venda da Vale e da telefonia, a
compra de votos para a reeleição,
o caixa 2 na campanha de FHC e
as atividades do ex-secretáro-geral da Presidência Eduardo Jorge.
Muitas dessas denúncias resultaram em pedidos de CPIs pela
oposição, raramente concretizadas. O PT também destacará as
"operações-abafa" do governo
para evitar as investigações.
"O Serra vai ter de assumir o
ônus da política econômica recessiva dos dois mandatos de FHC e
também da falta de transparência
e interesse em esclarecer acusações", afirma o líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP), que
organiza a campanha. O formato
dos panfletos e cartazes está sendo definido. A idéia é que a distribuição do material em todo o país
seja feita já no mês de junho.
Líderes do PT, inclusive Luiz
Inácio Lula da Silva, têm apontado a "contradição inerente" à
campanha de Serra. Em tom irônico, mencionam o "dilema hamletiano" do tucano, que "não sabe
se é governo ou oposição".
É uma referência à tentativa do
tucano de colocar-se como herdeiro de FHC em algumas questões, como a estabilidade macroeconômica e a responsabilidade
fiscal, ao mesmo tempo em que
busca se distanciar evidenciando
que ainda "falta muito a fazer" na
área social. Para os lulistas, a ambiguidade é um flanco aberto no
campo adversário.
A indicação da deputada Rita
Camata (PMDB-ES) como vice na
chapa tucana, segundo os petistas, acentua essa contradição. Rita, antes de pular para o barco governista, alinhava-se aos partidos
de oposição em todas as votações
importantes no Congresso.
"Não dá para o Serra querer ser
as duas coisas ao mesmo tempo,
governo e oposição. E não dá para
ele disfarçar e achar que não tem
nada a ver com o que está acontecendo hoje no país", diz Cunha.
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