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PT SOB SUSPEITA
Médico depõe em CPI da propina na Câmara de Santo André
Irmão de prefeito promete revelar hoje 4 testemunhas
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O oftalmologista João Francisco
Daniel, irmão do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel, será a primeira testemunha a
depor hoje na CPI da Câmara
Municipal da cidade que investigará o suposto esquema de propinas na prefeitura.
O médico promete revelar os
nomes das quatro testemunhas
de suas conversas com colaboradores da prefeitura que lhe teriam
revelado que a suposta propina
cobrada pela prefeitura seria para
financiar campanhas do PT.
A seguir, serão colhidos os depoimentos de Rosângela Gabrilli
e seu irmão João Alberto Gabrilli,
da família que administra a Viação São José de Transportes Ltda.
Rosangela afirmou ao Ministério Público e em entrevista à Folha que a propina foi paga desde
1997. "A propina vem sendo paga
desde 1997, por um acordo firmado entre as empresas de transporte de Santo André e o Ronan [Maria Pinto"".
Os depoimentos dos três poderão ser sigilosos, ou seja, sem a
permissão da entrada do público
ou da imprensa, se os membros
da CPI decidirem ou, ainda, se algum ou todos os depoentes pedirem. Os três deverão ter, a partir
de hoje, escolta policial solicitada
pelos vereadores.
Dos cinco membros da CPI, só
um é de oposição, o vereador Luiz
Zacharias (PL). Os outros quatro
são todos da base de sustentação
do prefeito João Avamileno (PT):
o presidente da CPI, José Montoro Filho (PT), o relator Donizetti
Pereira (PV), e os vereadores Carlos Ferreira (PSB) e Tio Donizetti
Pereira (PDT).
O presidente da CPI está no seu
terceiro mandato, mas só assumiu dessa vez porque era o primeiro suplente do secretário de
Serviços Municipais de Santo André, Klinger Luiz de Oliveira Sousa- que foi citado no depoimento de João Francisco ao Ministério
Público, no dia 24 de maio, como
um dos envolvidos no suposto esquema de propinas.
João Montoro Filho afirmou
que o fato de ser petista e suplente
de Klinger não vai influenciar em
nada sua performance. "Sei da seriedade dessas denúncias e até
porque sou do PT quero que tudo
seja investigado", afirmou.
O relator Donizetti Pereira disse
que a CPI terá 30 dias para ouvir
depoimentos. O prazo poderá ser
prorrogado. Ontem, os vereadores receberam cópias dos depoimentos sigilosos sobre o caso, enviados pelo MP. Começaram a ler
os documentos para preparar as
perguntas aos depoentes.
Segundo um dos membros da
CPI, "é crucial" a revelação dos
nomes das testemunhas que João
Francisco diz ter das conversas
com o ex-secretário de governo
de Celso Daniel, Gilberto Carvalho e a ex-mulher do prefeito
morto, Miriam Belchior. "Como
ele [João Francisco] não tem nenhuma prova documental da acusação de caixa dois para a campanha do PT, é essencial que traga
mais testemunhas."
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