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CASO SANTO ANDRÉ
Lei da quebra de sigilo exige que Ministério Público seja ouvido
Para Brindeiro e Marrey, o erro na escuta foi do juiz
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, e o procurador-geral de Justiça do Estado
de São Paulo, Luiz Antônio Marrey, disseram que o juiz que autorizou a escuta telefônica de autoridades petistas de Santo André cometeu uma "ilegalidade" ao não
ouvir os promotores que atuam
no caso antes da decisão.
Marrey disse que a lei que disciplina a quebra do sigilo telefônico
exige que o Ministério Público seja ouvido previamente ou depois
da ordem judicial e afirmou que
isso não aconteceu. Essa ilegalidade poderá implicar a anulação da
quebra do sigilo.
"Depois de ler em jornais a existência de escuta, mandei verificar
se tínhamos conhecimento do fato. A informação que recebi é que
não. Não tomamos conhecimento nem antes, nem depois. Creio
que o procedimento é ilegal", disse o titular do MP paulista.
A escuta foi autorizada pelo
juiz-corregedor do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais),
Maurício Lemos Porto Alves, a
pedido da Polícia Federal, em inquérito sobre tráfico de drogas,
segundo acusação feita pelo PT.
Para Marrey, a falha foi do juiz.
"O juiz não poderia ter autorizado sem ouvir o Ministério Público. Se houve isso, é uma ilegalidade", disse Brindeiro, titular do Ministério Público Federal.
O procurador-geral da República confirmou a possibilidade de
ocorrência de outra ilegalidade: a
escolha do foro para a obtenção
da ordem judicial de quebra do sigilo telefônico. "A Polícia Federal
tem de se dirigir à Justiça Federal,
e não à estadual." Maurício Lemos integra a Justiça comum do
Estado de São Paulo.
Brindeiro e Marrey não quiseram falar sobre a suspeita de uso
político por parte da PF do instrumento da escuta telefônica.
O procurador-geral de Justiça
negou que as investigações devam levar em conta repercussões
políticas em ano de eleições. "É
bom deixar claro, de uma vez por
todas, que o Ministério Público
vai continuar a trabalhar, queiram ou não, porque não tem nada
a ver com a questão eleitoral."
Ele entregou a Brindeiro cópia
do trecho da investigação sobre
corrupção na Prefeitura de Santo
André que envolveria o presidente do PT, deputado José Dirceu
(SP). Na próxima semana, o STF
(Supremo Tribunal Federal) deverá receber requisição de inquérito contra Dirceu, com a indicação de nomes de testemunhas.
Deverá prosseguir em Itapecerica da Serra o processo criminal
que apura a responsabilidade pelo assassinato do prefeito de Santo
André Celso Daniel, em janeiro.
Continuará em Santo André a
ação penal que apura a prática de
corrupção na prefeitura.
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