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No velório de Ruth Cardoso, Lula menciona "laços" entre PT e PSDB
Ex-primeira-dama será enterrada na manhã de hoje no cemitério da Consolação, em São Paulo
"Quando fomos perguntar aos ministros quem gostaria de vir, quase não teve lugar no avião", disse presidente
ontem durante a cerimônia
Jorge Araújo/Folha Imagem
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FHC se emociona no velório da mulher, Ruth, acompanhado (no sentido horário) pelos governadores Serra e Aécio, pela senadora Marina Silva, pelo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, pela primeira-dama Marisa, pela filha mais velha, Luciana Cardoso, por Lula e Dalina, camareira do Alvorada que veio no avião do presidente
CATIA SEABRA
ANA FLOR
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O velório da ex-primeira-dama Ruth Cardoso, ontem, em
São Paulo, foi marcado pela
aproximação e solidariedade
entre petistas e tucanos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado de oito de seus ministros, fez questão de confortar o antecessor
no Palácio do Planalto, Fernando Henrique Cardoso:
"Leva tempo, leva muito
tempo, mas chegará o dia em
que irá doer menos", afirmou o
presidente a FHC, durante o
velório, realizado na Sala São
Paulo (região central).
"Quem sofre é quem fica, para a morte não há consolo", dizia FHC na cerimônia.
Antes de se casar com a atual
primeira-dama, Marisa Letícia,
que o acompanhava ontem, Lula perdeu sua primeira mulher,
Maria de Lourdes, em 1971.
O ex-presidente (1995-2002)
e sociólogo também ressaltava
sua extensa relação com a mulher: "Eu conheci a Ruth em
1948. São 60 anos".
A ex-primeira-dama morreu
às 20h40 de anteontem, aos 77
anos, na residência do casal, no
bairro de Higienópolis (região
central de São Paulo). A causa,
segundo boletim médico, foi arritmia cardíaca grave decorrente de doença coronariana.
O enterro está marcado para
a manhã de hoje, no cemitério
da Consolação. O corpo deixará
a Sala São Paulo às 10h.
Ao ser abraçado por Lula, que
permaneceu na Sala São Paulo
cerca de 30 minutos, FHC retirou os óculos para enxugar as
lágrimas. Marisa Letícia ficou
praticamente o tempo todo ao
lado do caixão de Ruth e chegou
a chorar em dois momentos.
O governador de São Paulo,
José Serra, amigo da ex-primeira-dama, também foi cumprimentado por Lula e esteve o
tempo todo ao lado de FHC.
Ao atual presidente do PSDB,
senador Sérgio Guerra (PE), e
ao governador de Minas Gerais,
Aécio Neves, Lula fez o seguinte comentário: "Os laços do
PSDB com o PT são tantos que,
quando fomos perguntar aos
ministros quem gostaria de vir,
quase não teve lugar no avião".
O clima amistoso entre tucanos e petistas fez com Lula
brincasse com o governador de
Minas: "Aécio, você tem que casar para aprender a fazer um laço como este", disse o presidente, referindo-se a um detalhe do
vestido de Marisa.
"Já tentei, mas não consigo
achar uma dona Marisa", respondeu o mineiro.
Ao se despedir, por volta das
18h, Lula disse a FHC: "Tudo o
que você precisar de mim, peça,
estou à disposição".
Passaram pela Sala São Paulo
políticos, intelectuais, empresários e artistas. Entre eles,
Jorge Gerdau Johannpeter
(grupo Gerdau), Lázaro Brandão (Bradesco), Regina Duarte
e Maitê Proença. Todos destacaram a importância da antropóloga na defesa do que chamaram de "camadas desprotegidas da sociedade".
Além de Lula e de seus ministros -Dilma Rousseff, Franklin Martins, José Múcio, Miguel Jorge, Nelson Jobim, Fernando Hadadd, Hélio Costa e
Edison Lobão-, outros petistas, como a ex-prefeita Marta
Suplicy, compareceram à cerimônia, que, após as 21h, ficou
reservada aos familiares.
Passaram ainda pelo velório
outros quatro candidatos a prefeito de São Paulo neste ano:
Geraldo Alckmin (PSDB), o
prefeito Gilberto Kassab
(DEM), Paulo Maluf (PP) e Soninha Francine (PPS).
Alvorada
Dois funcionários do Palácio
da Alvorada, que trabalharam
com o ex-presidente e com
Ruth, também foram trazidos a
São Paulo pelo casal Lula e Marisa. FHC ficou emocionado ao
encontrá-los na cerimônia.
O velório foi aberto ao público ontem por volta das 11h. Segundo a organização do evento,
pelo menos 2.000 pessoas estiveram no local. Dois lanceiros
da Polícia Militar estavam o
tempo todo ao lado do corpo,
que foi em parte coberto pela
bandeira nacional.
Antes de o corpo deixar o local do velório, o cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Odilo
Scherer, comandará uma celebração ecumênica, também reservada somente à família.
A ex-primeira-dama havia sido internada no Hospital Sírio-Libanês na sexta-feira passada,
com angina (dores no peito) e
chegou a ficar na UTI.
Na segunda-feira, ela foi submetida a um cateterismo no
Hospital do Rim, da Universidade Federal de São Paulo.
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