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AGENDA OFICIAL
Visita foi decisão de última hora, após ida ao Rio
Na Bienal, Lula diz que ditadores sempre afastaram artistas e povo
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva decidiu ontem, de última
hora, ir à abertura da 26ª Bienal de
São Paulo. Último a discursar, ele
foi aplaudido e ovacionado pela
platéia -restrita a convidados-
ao ser chamado ao microfone.
Vindo do Rio, Lula chegara
pouco antes das 20h ao parque
Ibirapuera (zona sul), acompanhado por três ministros -Márcio Thomaz Bastos (Justiça), Aldo
Rebelo (Coordenação Política) e
José Viegas (Defesa).
Durante cinco minutos, o presidente leu um discurso no qual
ressaltou a necessidade de democratização da cultura e frisou a
importância das parcerias públicas e privadas que permitiram
que a entrada na mostra seja gratuita neste ano, pela primeira vez.
"Tenho certeza de que essa decisão [acerca da gratuidade] só tornará mais verdadeiro o tema da
bienal. Estamos num "Território
Livre", onde cada cidadão, podendo ou não pagar, poderá expandir
seus horizontes", disse Lula.
Criticado recentemente pelo
teor do texto que regulamenta o
setor do audiovisual e por patrocinar a criação do Conselho Federal de Jornalismo -ambas as medidas vistas como cerceadoras da
livre expressão-, Lula defendeu
a liberdade artística.
"A arte é a voz das nossa crenças
e angústias. Da nossa esperança e
da nossa resistência. É a fronteira
por excelência da nossa liberdade.
A cultura é o abrigo que distingue
um povo de um amontado de
gente ou de uma estatística de
consumo. Por isso, todos os ditadores, em todos os tempos, sempre temeram a proximidade entre
os artistas e o povo. Mas a liberdade é o oxigênio de uma nação. E
em nosso governo, o Estado está
retomando seu papel na promoção da cultura."
O discurso de Lula foi antecedido por falas do governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB),
também aplaudido, e pelo secretário municipal da Cultura, Celso
Frateschi, que falou em nome da
prefeita Marta Suplicy (PT).
Frateschi disse que Marta sentia
muito por não comparecer ao
evento, mas que não pôde ir à Bienal devido a "uma interpretação
extremamente rígida da lei eleitoral". Em seguida, leu um discurso
que atribuiu à prefeita, no qual
elencou quase todas as obras do
governo petista, dizendo que a
gestão "fez mais do qualquer outra" em cultura, lazer e educação.
Pintinhos
Antes de viajar a São Paulo, Lula
participou, no Rio, de uma cerimônia de entrega de diploma a 13
mil alunos do curso de alfabetização do Sesi. No evento, pediu que
os recém-alfabetizados "seguissem" seu exemplo e acreditassem
que podem ir muito mais longe
do que "os livros dizem".
Em seu discurso, com diversas
exaltações ao poder de superação
de brasileiros, Lula usou o slogan
da campanha do governo -"eu
sou brasileiro e não desisto nunca"- e disse que era o dia mais
feliz dos 21 meses de governo.
"É como se esse palco fosse um
grande ovo cheio de pintinhos
dentro, que até então não sabiam
como era o mundo. Esse curso, na
verdade, fez vocês quebrarem a
casca do ovo e aparecerem para o
mundo que vocês vão viver daqui
para frente. A alfabetização é exatamente isso."
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