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Vice-reitor da Unifesp anuncia renúncia
Sergio Tufik e principais dirigentes da universidade devem entregar cargos hoje na reunião extraordinária do Conselho Universitário
Com renúncia do vice-reitor e de todos os pró-reitores, o Conselho Universitário deve elaborar uma lista de três nomes a ser enviada ao MEC
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
O vice-reitor da Unifesp,
Universidade Federal de São
Paulo, Sergio Tufik, e os pró-reitores de graduação, Luiz Eugênio de Araújo Moraes Mello,
Helena Nader (de pesquisa e
pós-graduação), Walter Albertoni (extensão universitária) e
Sergio Draibe (de administração), além do chefe-de-gabinete, Reinaldo Salomão, devem
entregar seus cargos hoje, na
reunião extraordinária do Conselho Universitário, convocada
para discutir a renúncia do reitor, Ulysses Fagundes Neto,
ocorrida anteontem.
A renúncia de todos os principais dirigentes da Unifesp
acontece depois da divulgação
pela Folha de relatório de inspeção do TCU (Tribunal de
Contas da União), que constatou irregularidades nos gastos
de viagens ao exterior feitas pelo reitor em 2006 e 2007.
Segundo a inspeção, Fagundes Neto usou irregularmente
recursos do Estado para pagamento de itens de consumo de
luxo, cometeu desvio de finalidade, burla ao regime de dedicação exclusiva, realizou viagens não autorizadas ou com
prazo superior ao estritamente
necessário. Os fiscais propõem
a devolução de R$ 229.550,06
aos cofres públicos.
Com a renúncia coletiva, cai
toda a linha sucessória do reitor. Em condições normais, em
caso de impossibilidade do reitor, assumiria o vice-reitor.
Com a renúncia de Tufik, entretanto, quem passaria a responder pela reitoria seria o
pró-reitor com mais tempo de
serviço na universidade.
Como todos os pró-reitores
vão renunciar, a reunião do
Conselho Universitário deverá
elaborar uma lista de três nomes para ser enviada ao MEC.
Entre eles, o ministro Fernando Hadad escolherá um reitor
pro tempore (provisório). A esse docente caberá encaminhar
em 60 dias o processo de escolha do novo dirigente máximo
para a Unifesp, que cumprirá
mandato de quatro anos.
Bens indisponíveis
A decisão da renúncia, ontem, foi simultânea à divulgação de ação civil pública ajuizada na Justiça Federal pelo Ministério Público Federal e pela
Advocacia Geral da União, em
que é pedido o afastamento
cautelar de Fagundes Neto, de
Tufik e de Reinaldo Salomão, o
atual chefe-de-gabinete, a fim
de apurar "ilegalidades cometidas por eles e preservar os interesses da universidade".
Segundo o procurador Sergio
Suiama, um dos autores da
ação, os dirigentes foram solidários nas irregulares e tentaram dificultar a apuração das
ilegalidades, ao se recusar a entregar faturas do cartão de crédito e os bilhetes aéreos.
Na mesma ação, são pedidas
a indisponibilidade dos bens e a
quebra dos sigilos bancários e
fiscais do reitor, de seu vice e do
chefe-de-gabinete. As mesmas
medidas são propostas para a
ex-chefe-de-gabinete da reitoria Lucila Amaral Carneiro
Vianna. Segundo a ação, todos
são autores de atos de "improbidade administrativa".
A ação aponta a burla, pelo
reitor, do regime de dedicação
exclusiva, que o impediria de
exercer outra atividade remunerada. Relata que Fagundes
Neto mantém um consultório
no bairro da Vila Mariana (próximo à Unifesp, na zona sul de
São Paulo), onde atende pacientes particulares. "A infração ao regime de dedicação exclusiva importou em enriquecimento ilícito por parte do reitor), afirma Suiama.
Outro lado
A Folha tentou falar com todos os citados na ação do MPF
e da AGU. Recebeu a seguinte
resposta da assessoria de imprensa da Unifesp:
"A Universidade Federal de
São Paulo informa que ainda
não tomou conhecimento da
ação ajuizada pelo Ministério
Publico Federal, assim como
não teve acesso ao relatório final do TCU a respeito dos gastos com cartão de pagamentos
do governo federal. Assim que
for notificada pela Justiça a se
manifestar, fará os esclarecimentos necessários no fórum
competente".
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