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JANIO DE FREITAS
Enfim
A esta hora o Brasil já tem
novo presidente eleito. Pronto, o preço da gasolina já pode
ser aumentado, enfim encerrada a decisão de contê-lo, apesar
das compras de petróleo com o
dólar elevado, para não prejudicar o candidato do governo.
Por melhor que tenha sido o
desempenho de José Serra no
debate de anteontem, a duração
do dia de ontem era muito desproporcional à distância conquistada por Luiz Inácio Lula
da Silva sobre seu adversário. A
agravar a exiguidade de tempo
para "a virada" anunciada por
Serra, o debate, oportunidade
derradeira, não introduziu na
disputa um fato relevante de última hora, fosse legítimo ou antiético.
A maior animação do confronto foi ilusória, devida ao
grotesco movimento de duas
pessoas tensas, de pé, que não
sabiam como andar, como ficar,
nem para onde olhar no cenário
despropositado. Grau de novidade temática ou política do debate: zero. Lula apegado às generalizações, Serra dando alguma justificativa à forma de arena do cenário, com sua persistência na tática de candidato-gladiador.
A antecipação com que o resultado eleitoral se evidencia
ainda não autoriza, porém, comentários mais pormenorizados sobre os frutos diferentes
que cabem aos dois candidatos,
ao final da campanha, e o sentido mais profundo que esses dois
destinos individuais têm para o
país. Há que esperar o resultado
formal. É um resguardo discutível, em relação às possíveis funções do comentarismo jornalístico, mas que parece justificável
nas atuais circunstâncias do jornalismo de política e de economia na mídia brasileira - outro assunto para mais tarde.
Ainda assim, é inevitável o registro de que a mancha desta
eleição está em Brasília. O que
se passa na própria capital do
país tem um nível de indecência
sem precedente desde o fim da
Velha República. Os métodos de
Joaquim Roriz em seu primeiro
governo já deveriam tê-lo expurgado da vida pública, senão
até da vida social. Agravou esses
métodos como candidato a um
segundo governo, e assim foi
eleito em 98. Para o pior, em todos os sentidos. Não faltou nada
para o impeachment, como nada falta, há tempos, para a impugnação de sua recandidatura. Mas lá estão Roriz e seus
comparsas em busca da reeleição. Para o pior.
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