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Após eleição, Serra trava disputa pelo controle do PSDB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
José Serra sai hoje direto da eleição para uma guerra interna pelo
controle do PSDB. Se disputou o
segundo turno das eleições contra
o petista Luiz Inácio Lula da Silva,
vai ter que enfrentar principalmente o governador eleito de Minas, Aécio Neves, e o futuro senador Tasso Jereissati (CE).
Serra sai da eleição possivelmente com mais de 30 milhões de
votos, mas deixando atrás um rastro de dissidentes, adversários e
até inimigos. Aécio ganhou a eleição em Minas no primeiro turno e
uma legião de aliados. Os dois são
pré-candidatos do PSDB à Presidência em 2006. É essa disputa interna que vai definir todo o futuro
do partido, que passa por uma
profunda renovação e inverte posições: sai do governo e vai para a
oposição. A questão é o tom e a
intensidade da oposição.
Ao saber que Aécio, o senador
eleito Tasso Jereissati (CE) e o
candidato derrotado do PPS à
Presidência, Ciro Gomes, haviam
jantado em Fortaleza para discutir uma reação à "hegemonia paulista" no PSDB, o deputado Pimenta da Veiga (MG), um dos
fundadores do partido, reagiu: "É
mesmo? Que ótimo!".
A tropa de Aécio e Tasso -que
querem trazer Ciro de volta ao
PSDB- inclui os mineiros Pimenta e Eduardo Azeredo, o governador goiano Marcone Perillo,
reeleito no primeiro turno, e líderes emergentes em Mato Grosso
do Sul e Pará. Eles sonham, ainda,
com a adesão do governador Geraldo Alckmin (SP), que disputa
hoje o segundo turno em condição de vantagem, e do líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira, reeleito deputado. Mas
Alckmin e Madeira -ligados a
Mário Covas, morto em 2001-
são justamente paulistas.
Quando enfrentam a "hegemonia paulista", Aécio e Tasso se dirigem ao presidente Fernando
Henrique Cardoso, que deixa a vida político-partidária, a Serra, cujo mandato de senador acaba em
dezembro, e ao "núcleo duro" da
campanha serrista. Incluem-se aí
os deputados paulistas Aloysio
Nunes Ferreira e Alberto Goldman, que tentam articular uma
fusão do PSDB com o que chamam de "a parte boa" do PMDB,
e o líder da bancada na Câmara,
Jutahy Magalhães Júnior (BA).
O presidente do partido, José
Aníbal (SP), era antigo desafeto
de Serra e na campanha teve um
comportamento considerado
"exemplar" pelo grupo serrista.
Mas é outro a ser disputado pelos
dois lados. Aécio não só articulou
uma ampla aliança em Minas, inclusive com o governador Itamar
Franco (sem partido), como tem
contatos no país inteiro e apareceu em programas regionais.
Estouro da boiada
A disputa no PSDB se repete em
três partidos que deram sustentação política aos dois mandatos de
FHC: PMDB, PFL e PPB.
O PMDB, por ser o mais heterogêneo, é o mais disputado tanto
pelo PT, que precisa de maioria
no Congresso, quanto pelo PSDB
serrista, para fazer frente à escalada de Aécio e Tasso.
O PFL, que sai mais ferido da
eleição, por uma sucessão de erros, vai se concentrar em duas
frentes: 1) afirmar-se como partido antagônico ao PT e comandar
a oposição; 2) tentar conter o "estouro da boiada".
A expectativa, dentro e fora do
PFL, é que o PT use o aliado PL
como ímã para os pefelistas dispostos a votar com o novo governo em troca de manter os velhos
cargos federais nos Estados.
No PPB, o deputado Francisco
Dornelles (RJ) vai continuar a articular, lenta e eficazmente, a
transição da liderança do ex-governador Paulo Maluf (SP). A
questão é: para quem?
Ao chegar ao poder, portanto, o
PT embaralha as velhas alianças,
tenta atrair o que for possível e
empurra o PSDB para a oposição.
Sob a liderança de Serra e seu
grupo "paulista", a oposição a Lula e ao PT será mais acirrada, diária, em cima de votações, projetos, discursos. Caso prevaleça o
grupo "mineiro" (aí incluídos
Tasso e Perillo), será mais pontual, mais calibrada.
Nos dois casos, o ritmo vai depender de como governo petista
se sair. Se mantiver alto índice de
apoio popular, os aliados vão se
multiplicar e a oposição, minguar.
Se ocorrer o contrário, que Lula se
prepare: o PSDB vem com tudo,
seja Aécio ou Serra, na eleição de
2006.
(ELIANE CANTANHÊDE)
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