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Pragmático e conciliador, governador paulista tenta reeleição para se descolar de Mário Covas e se projetar como um dos nomes mais fortes do PSDB nacionalmente
Urna testa estilo Alckmin e pode legitimar novo líder
DA REPORTAGEM LOCAL
Caso consiga se reeleger hoje, o
candidato do PSDB, Geraldo
Alckmin, terá o desafio de se tornar, no decorrer destes quatro
anos do próximo mandato, uma
liderança nacional e de se projetar
como um dos nomes mais fortes
do partido nacionalmente.
Legitimado pelas urnas, Alckmin deve também descolar-se da
imagem de Mário Covas, seu padrinho político, e imprimir em
São Paulo um estilo próprio de fazer política: pragmático e conciliador. Na avaliação dos próprios
tucanos, bem diferente do estilo
original do PSDB, criado em 1988,
ligado à militância de centro-esquerda e ao embate ideológico.
"É a busca pela política de resultados", diz um tucano paulista,
que citou os discursos conservadores de Alckmin sobre o combate à violência usados durante a
campanha deste ano.
E é o resultado desta próxima
gestão que pode gabaritar o governador para disputar a Presidência da República em 2006.
"Se Alckmin vencer, a próxima
gestão será o cartão postal das administrações do PSDB. Todo
mundo estará voltado para São
Paulo", avalia o presidente estadual tucano, Edson Aparecido.
Alckmin já é "naturalmente"
um presidenciável por ser governador do maior Estado do país. É
claro que isso, no entanto, não lhe
garante a vaga. Terá de se destacar
em um momento em que outros
dois tucanos também aparecem
como lideranças naturais do partido, fortalecidas pela eleição: o
senador eleito pelo Ceará, Tasso
Jereissati, e o governador eleito de
Minas Gerais, Aécio Neves.
No entanto, os próprios tucanos
apostam que deve haver uma polarização maior entre a dupla de
jovens governadores, caso Alckmin vença hoje.
Em comum, os dois têm o que
muitos classificam como estilo
mineiro de fazer política: são hábeis e diplomáticos.
"Geraldo é o melhor exemplo
do que podemos chamar de político mineiro com firmeza de posições", afirma o líder do governo
na Câmara, Arnaldo Madeira.
A favor de Aécio, está a maior
inserção no cenário nacional,
proveniente do cargo de presidente da Câmara dos Deputados,
e o fato de ser neto do presidente
Tancredo Neves, morto em 1985.
Para alguns tucanos, a vantagem de Alckmin é a experiência
administrativa num Estado que
tem o segundo maior Orçamento
do país. Enquanto Aécio assumirá um governo com problemas financeiros, Alckmin poderá lucrar
com a capacidade de investimento de um Estado já saneado.
Planalto central
Os rumos políticos dos governos estaduais eleitos passam pelo
relacionamento com a Presidência da República. É aí que a habilidade política de Alckmin e Aécio
pode ser um diferencial na definição dos papéis 2006.
Caso Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) seja eleito presidente, Alckmin, se também vitorioso, administrará um Estado de oposição,
mas buscará um diálogo com os
petistas, pelo menos nos dois primeiros anos de governo.
Antes mesmo do resultado final
das urnas, o governador tem enfatizado que, terminada a apuração, estará aberto para o diálogo
com o novo presidente. "Não
concordo com esse negócio de
terceiro turno. Todo mundo tem
de buscar o bem do país", disse.
Dentro do PSDB paulista, há
quem defenda que Alckmin, se
eleito, deva adotar uma "agenda
nacional", com eventos e debates
sobre os principais temas do país.
"Pelo estilo de Alckmin, ele fará
uma gestão, caso vença, voltada
para São Paulo. A preocupação
dele será mostrar um bom trabalho aqui", afirmou o deputado federal eleito Walter Feldman.
A "marca" de Alckmin, outro
jargão da campanha, estará representada na composição de um
secretariado. Neste 1 ano e 8 meses de mandato, assumido com a
morte de Covas, em 2001, Alckmin não se sentiu a vontade para
mexer no secretariado de então.
No começo deste ano, o governador trouxe alguns nomes de
sua confiança para o governo,
aproveitando a oportunidade que
secretários oriundos da gestão
Covas tiveram de se descompatibilizar para disputar as eleições.
Pelo menos uma característica
da "era Covas" um eventual governo Alckmin já garantiu: a
maioria na Assembléia. Apesar de
a bancada eleita do PT ser a maior
na Casa, os tucanos já costuraram
apoio de pelo menos seis partidos, entre eles o PFL, que tem o
cargo de vice na chapa.
(JOSÉ ALBERTO BOMBIG E JULIA DUAILIBI)
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