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PT utiliza beijo de Serra contra peemedebista
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
O presidenciável José Serra
(PSDB) acabara de discursar,
ainda era aclamado pela platéia
de mais de 500 dirigentes políticos famintos que beliscavam
aperitivos na churrascaria Galpão Crioulo, em Porto Alegre, e
o candidato a governador Germano Rigotto (PMDB) o
aplaudia com entusiasmo de
deixar as mãos doloridas.
Foi quando Serra cochichou
no ouvido de Rigotto, conta o
gaúcho: "Vou fazer uma coisa
que vai sair em todas as capas
de jornal". Com a mão esquerda, segurou um ombro do aliado. Com a direita, o queixo. E
tascou-lhe um beijo no rosto.
"Eu não estava esperando",
diz o peemedebista. "Assustei-me. Na minha cabeça passou:
"mas que coisa estranha, isso
não é normal". Aí o Serra me
disse: "Eu não sei como isso é
visto no Rio Grande do Sul".
Respondi: "Não é visto muito
bem, não. O Estado é um pouco machista, preconceituoso" ".
Era o começo da tarde da sexta-feira retrasada. No instante
em que sentiu o beijo de Serra,
Rigotto soube que o problema
que nascia não era comportamental, mas político.
A maior ameaça à sua campanha era o empenho do PT
em convencer o eleitorado de
que quem vota em Lula não deve votar no candidato de Serra
a governador. Se a equação colasse, Tarso venceria.
Com o factóide do candidato
do PSDB à Presidência, o PT
ganhou um símbolo. Que foi
parar no horário gratuito da
TV, nos panfletos, na Internet.
Rigotto ganhou um abacaxi.
"O PT tentou nacionalizar a
campanha para fugir à discussão sobre o Estado", diz Rigotto. A afirmação foi a contrapartida à pregação de Tarso Genro
sobre a condição governista de
Rigotto, em cujos programas
FHC e Serra não apareceram.
No de Tarso, Lula foi figurinha
fácil. O governador Olívio Dutra, carimbada, pouco vista.
No último programa de Rigotto na TV, anteontem à noite, uma jovem apelava: "Vamos pensar primeiro no Rio
Grande". Havia duas mensagens: o primeiro voto na urna
eletrônica é para governador; e
que se esqueça -ou não se
priorize- a Presidência ao votar para o Palácio Piratini.
Rigotto acha que escapou da
armadilha involuntária em que
Serra o jogou. E comenta: "Não
gosto de beijo de homem. É
aquela história: nós somos aqui
muito machistas. Nós temos
aquela coisa. Não é preconceito, mas eu prefiro receber beijo
de mulher. Eu sabia que aquele
beijo seria utilizado politicamente."
(LG e MM)
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