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SENADO
Quércia declara à Justiça Eleitoral ter bens no total de R$ 64,8 milhões, contra R$ 9,8 milhões em 1996
Patrimônio de Quércia aumenta 562%
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O patrimônio do candidato a senador Orestes Quércia, 63, aumentou 562% nos últimos cinco
anos. Os bens declarados pelo
presidente do PMDB ao Tribunal
Regional Eleitoral, em junho último, totalizam R$ 64,8 milhões.
Eram R$ 9,8 milhões em 1996,
quando o Ministério Público do
Estado de São Paulo tentou bloquear os bens do ex-governador
paulista, a título de garantir o ressarcimento de supostos prejuízos
ao erário durante sua passagem
pelo governo estadual (1987-91).
O patrimônio do empresário
Orestes Quércia corresponde a algo como o faturamento diário dos
shopping centers paulistas. Duas
operações recentes contribuíram
para essa evolução patrimonial:
R$ 20 milhões registrados como
"crédito para aumento de capital"
da Sol Invest, sua empresa de participações, e R$ 26,5 milhões como "crédito a receber" da Infoglobo Comunicações Ltda., empresa das Organizações Globo.
Em 2001, Quércia vendeu ao
grupo do empresário Roberto
Marinho sua participação na Empresa Jornalística Diário Popular
Ltda. (cujas cotas declaradas no
Imposto de Renda de 1996 correspondiam a apenas R$ 330 mil).
Na ocasião, a Folha apurou que
o negócio foi fechado por R$ 200
milhões, tendo as Organizações
Globo assumido dívidas da empresa no total de R$ 100 milhões.
O candidato também informou
ao TRE a aplicação de R$ 5,4 milhões em títulos de renda fixa no
BCN (R$ 115,4 mil em 1996). Procurado pela Folha, Quércia não
quis se manifestar.
Bem-sucedido nos negócios
privados quando esteve fora da
administração pública, o ex-governador de São Paulo volta a disputar uma eleição após ter sido
acusado de quebrar financeiramente o Estado. Ele enfrentará
mais uma escolha nas urnas após
ter amargado uma fragorosa derrota na campanha presidencial de
1994, na qual obteve 4% dos votos, quando os próprios correligionários levantavam dúvidas sobre a origem de sua fortuna.
Seu êxito como empresário o
desautorizaria a criticar -como
novo aliado do PT- a política
econômica do governo, acusada
de inibir investimentos privados.
Em 1996, Quércia declarou um
rendimento anual de aproximadamente R$ 722 mil. Ou seja, no
período 1996-2001, teria havido
um acréscimo patrimonial de
mais de R$ 10 milhões por ano.
As declarações registram a venda (ou transferência para outro
sócio) de 180 mil cotas de sua mulher, Alaíde Quércia, na Sol Invest
Administração e Participações,
no total de R$ 2,2 milhões.
No período analisado, foram
alienados imóveis registrados
com os seguintes valores: sítio
Santa Rita, de 10 alqueires (R$ 17
mil, em 1996), parte do sítio Boi
Morto, de 9,61 alqueires (R$ 18,2
mil), sítio Granada, de 32,4 alqueires (R$ 55,1 mil) e Fazenda
Santa Terezinha, de 15,5 alqueires
(R$ 26,3 mil), todos em Pedregulho. Curiosidade nas declarações
é a propriedade de um único veículo, um automóvel Volkswagen,
ano 1980, avaliado em R$ 2,7 mil
(anteriormente, assessores de
Quércia informaram que a família
só usa carros alugados).
Para comparar os bens de Quércia, a Folha submeteu à análise de
auditores privados a declaração
de bens oferecida pelo candidato
ao TRE e cópias das declarações
do Imposto de Renda de 1997 e
1996 (anos-base 1996 e 1995) juntadas a uma ação civil pública
movida contra o ex-governador.
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