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Mudar regras de sistema político não é consenso entre estudiosos
DA REDAÇÃO
"Peguemos o caso do PTB", pede o cientista político Carlos Ranulfo para exemplificar sua tese
de que o troca-troca partidário
"desvirtua" e "banaliza" o sistema
de representação partidária e de
que é preciso reformá-lo.
"O que quer dizer PTB para as
pessoas? Nada. Elas não votaram
nesse partido e hoje ele tem força
no Congresso", argumenta. O
Partido Trabalhista Brasileiro elegeu 26 deputados e hoje abriga 55.
Ranulfo é autor do artigo "Migração partidária na Câmara: causas, consequências e possíveis soluções", da coletânea "Reforma
Política e Cidadania" (Editora
Perseu Abramo, ligada ao PT).
Entre as possíveis soluções, ele
aponta o aumento da prazo mínimo de legenda -de um para quatro anos- para que o candidato
possa concorrer às eleições: "A reforma política no Congresso fala
em dois anos. Queria quatro. Assim fortaleceríamos os partidos".
Ranulfo defende uma reforma
"minimalista" que atacasse esse e
outros "problemas". Ele se diz a
favor do financiamento público
de campanha, de listas fechadas
de candidatos elaboradas pelos
partidos e do fim das coligações
nas eleições proporcionais (para o
Legislativo). Os itens estão em
discussão no projeto da Câmara.
Mas para Fernando Limongi,
do Cebrab (Centro Brasileiro de
Análise e Planejamento), mexer
pode piorar: "Melhor não fazer [a
reforma]. É um sistema complexo, não temos como saber como o
todo vai reagir".
Cláusula de barreira
Além do troca-troca, um ponto
que esquenta a discussão sobre a
reforma política é a vigência, a
partir de 2006, da chamada cláusula de barreira.
O mecanismo impedirá os partidos que não tenham obtido o
mínimo de 5% dos votos válidos
do país, distribuídos em pelo menos nove Estados, de funcionarem no Congresso. Nas últimas
eleições, diz Ranulfo, só sete siglas
atingiram a meta.
Para driblar o problema, que
pode minar pequenos como o
Prona, há a proposta da formação
de uma federação de siglas.
Uma vez federadas nacionalmente, as legendas atuariam juntas por quatro anos (ao contrário
das coligações, que só valem nas
eleições). A regra também facilitaria a vida dos nanicos caso seja
aprovado o fim das coligações.
Ranulfo vê a regra com simpatia: "É uma saída engenhosa, um
incentivo para os partidos se reorganizarem". "As siglas são muito
diferentes em cada região. Não faz
sentido", diz Limongi.
(FM)
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