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CASO SANTO ANDRÉ
Quase dois anos após a morte de Celso Daniel, apenas dois indiciados foram interrogados até o momento
Cinco acusados serão ouvidos em janeiro
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase dois anos depois da morte do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT) cinco homens da
favela Pantanal acusados de terem sequestrado e assassinado o
petista serão interrogados judicialmente pelo crime.
Os interrogatórios, que correm
em segredo de Justiça, foram
agendados para janeiro. No mesmo mês, só que há dois anos, Daniel foi encontrado morto a tiros e
com sinais de tortura em uma estrada de terra em Juquitiba -região metropolitana de São Paulo.
Até o momento, apenas dois
acusados foram ouvidos judicialmente. Apesar de terem confessado o crime a policiais e a promotores, José Édison da Silva e Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho, negaram ao juiz
Luiz Fernando Migliori Prestes terem participado no assassinato.
O último interrogatório é o do
empresário Sérgio Gomes da Silva, acusado pelo Ministério Público de São Paulo de ter encomendado o assassinato de Daniel. O
depoimento dele já foi adiado
duas vezes a pedido de seus advogados, que reivindicaram mais
tempo para preparar a defesa. A
data prevista é 5 de fevereiro.
Gomes da Silva era amigo de
Daniel e conduzia a Pajero na noite de 18 de janeiro de 2002, quando o prefeito foi sequestrado. Para
a Promotoria, o sequestro foi simulado pelo empresário e por outras pessoas -contra as quais, segundo o Ministério Público, não
há provas conclusivas de envolvimento com o crime.
O empresário afirmou ser vítima de uma injustiça e disse que
jamais articularia qualquer coisa
contra Daniel, a quem estimava
como a um irmão.
Contradições
Durante o interrogatório dos
cinco acusados, o Ministério Público de São Paulo deverá explorar as versões contraditórias apresentadas por eles durante as investigações e as possíveis ligações
com o preso Dionísio Aquino Severo -apontado formalmente
como o elo entre Gomes da Silva e
a quadrilha da favela Pantanal.
Severo foi assassinado dentro
de uma penitenciária, em abril do
ano passado, após afirmar à polícia que tinha informações sobre a
morte de Daniel e conhecia
"bem" Gomes da Silva e a mulher
do empresário, Adriana Pugliesi.
No interrogatório de Gomes da
Silva, a Promotoria pretende refazer as perguntas que havia preparado no final de novembro, quando o empresário, ainda em liberdade, foi chamado para falar sobre o assassinato. Na ocasião, Gomes da Silva compareceu ao depoimento na Promotoria, mas
manteve-se em silêncio -direito
garantido pela Constituição. Disse que só falaria em juízo. Depois,
a jornalistas, declarou ter preferido o silêncio a se expor em um
processo "inquisitorial".
Liberdade
O pedido de liberdade de Gomes da Silva só deverá ser julgado
pelo Tribunal de Justiça de São
Paulo no final de janeiro ou início
de fevereiro.
Os advogados Roberto Podval e
Adriano Salles Vanni, que defendem o empresário, entraram com
um habeas corpus no último dia
12. O pedido de liminar (que antecede o julgamento conclusivo) foi
recusado pelo desembargador
Maurilio Gentil Leite, segundo vice-presidente do tribunal.
Na última semana, o TJ requisitou ao juiz de Itapecerica da Serra
informações sobre o andamento
do processo criminal. O documento deverá chegar ao tribunal
até o final deste mês. Em seguida,
será a vez do Ministério Público se
manifestar por escrito sobre a prisão de Gomes da Silva. Só depois é
que o pedido será distribuído para uma das turmas julgadoras do
tribunal para decisão final.
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