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Assentados afirmam terem sido enganados
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM OURILÂNDIA DO NORTE
Assentados em lotes de
interesse da Onça Puma
(empresa da Vale) em Ourilândia do Norte (PA)
afirmaram à Folha que foram coagidos, enganados e
desrespeitados durante
negociações para que deixassem as terras do Incra.
A reportagem esteve na
cidade na última semana e
ouviu ao menos 15 colonos. Todos afirmaram estar insatisfeitos com a maneira como a Vale vem lidando com a situação.
Os assentados se dizem
enganados e arrependidos
por terem saído das terras.
O principal alvo das reclamações são mentiras e
informações incompletas
que teriam sido veiculadas
pela mineradora no início
das pesquisas sobre a reserva de níquel.
"Eles chegavam e diziam que éramos obrigados a sair, que eram donos
do subsolo, que tinham
até negociado com o Incra", disse Clemair Baratti, que hoje vive na zona
urbana de Ourilândia.
"Entravam aqui e faziam
um monte de buracos sem
pedir para entrar. Quando
via, estavam lá cavando."
A versão de Baratti é repetida por quase todos os
colonos ouvidos pela reportagem: funcionários da
Onça Puma pesquisavam
terras sem consultar os assentados e diziam que a
única opção era aceitar o
dinheiro e sair. Uma vez
convencidos, os assentados, em sua maioria plantadores de cacau ou pequenos criadores de gado,
não eram informados da
dimensão do projeto. Com
isso, acabavam vendendo
as benfeitorias.
Apesar de boa parte dos
assentados ter recebido
R$ 9.500 por alqueire, o
triplo do valor de mercado
à época, outros, desconhecendo o interesse real pelas terras, aceitaram até
mesmo R$ 4.500. A maioria dos lotes tem cerca de
dez alqueires.
A única voz dissonante
ouvida pela reportagem
foi a de Raimundo Caçula.
"Não houve pressão. Discutiram com o todos os
trabalhadores. Eles [mineradora] são fantásticos", afirmou.
Caçula liderava uma associação de moradores do
Projeto de Assentamento
Campos Altos à época. Segundo assentados, recebeu compensação da empresa para esvaziar um
plano de negociação coletiva dos agricultores. Ele
nega ter traído o grupo.
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