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Em crescimento, cidade se depara com mais crimes
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM OURILÂNDIA DO NORTE
Ao final do dia, quando o sol
baixa e o trabalho no projeto de
mineração Onça Puma termina, as poucas ruas de terra de
Ourilândia do Norte, no Pará,
ficam lotadas.
Em supermercados, bares e
farmácias, muitos recém-abertos, é quase sempre possível ver
funcionários das empresas
contratadas pela Vale, ainda
em uniformes e comprando algo. Nem a poeira do tráfego intenso de camionetes funcionais, que machuca os olhos e a
garganta, inibe o movimento.
Esse cenário não existia antes da chegada do projeto. De
uma cidade de menos de 30 mil
habitantes que sobrevivia da
atividade agropecuária, Ourilândia passou a município de
comércio e setor de serviços
aquecidos, com 35 a 40 mil pessoas, segundo estimativa da
prefeitura.
Agora, a cidade também entrou no ciclo de crescimento
vertiginoso que se instalou em
municípios do sudeste paraense devido a grandes projetos de
mineração. Em média, locais
como Parauapebas e Canaã dos
Carajás têm crescido a uma taxa de 18% ao ano.
Isso não significa que haja riqueza na cidade. A mão-de-obra contratada ainda é de baixa especialização, com salários
reduzidos. As casas, precárias e
pequenas, são de madeira ou tijolos baianos (material mais
barato) e se estendem por vias
de terra.
A promessa de emprego e
prosperidade levou a Ourilândia uma multidão em busca de
oportunidades que nunca surgiram. Com isso, cresceram as
periferias e a criminalidade nos
arredores da cidade, que se expande como uma teia a partir
da rodovia PA-150, transformada em uma espécie de avenida
principal do município.
"Não temos capacidade para
absorver isso. Nossa infra-estrutura ainda é pequena", afirmou o prefeito de Ourilândia,
Francivaldo do Rêgo (PMDB),
que deve tentar a reeleição com
o trunfo da chegada da mineradora, responsável por metade
da arrecadação anual de R$ 24
milhões do município.
A prosperidade, contudo, pode ter prazo para terminar.
Projetos semelhantes costumam empregar mais durante
as obras de instalação do que
depois de prontos, quando boa
parte do processo de beneficiamento é mecanizada.
"Temos uma preocupação
muito grande. Sabemos que um
bocado de gente vai embora",
afirmou Rêgo.
(JCM)
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