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ELEIÇÕES 2008 / RIO DE JANEIRO
TRE lista áreas sob influência do crime
Levantamento baseado em denúncias mostra que traficantes e milícias tentam impor candidatos em sete regiões do Rio
Presidente do tribunal diz que os eleitores devem ser orientados a não ceder às pressões de criminosos que agem em suas comunidades
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Baseado em denúncias anônimas enviadas ao seu setor de
fiscalização, o TRE (Tribunal
Regional Eleitoral) do Estado
do Rio de Janeiro listou sete regiões da capital onde quadrilhas de traficantes de drogas e
de milicianos impõem candidatos ao eleitorado local e restringem o acesso de adversários às
comunidades.
Conforme o levantamento,
divulgado ontem pelo presidente do TRE, Roberto Wider,
o tráfico age dessa forma na favela da Rocinha (São Conrado,
zona sul), no morro do Vidigal
(Vidigal, zona sul) e no complexo de favelas do morro do Alemão, em especial a Vila Cruzeiro, na zona norte carioca.
Os grupos paramilitares,
chamados no Rio de milícias,
atuam sobretudo na zona oeste
em favor de seus candidatos
nas eleições municipais deste
ano. Constam do trabalho do
tribunal as favelas de Rio das
Pedras (Jacarepaguá) e da Carobinha (Campo Grande) e diversas comunidades de pequeno porte nos bairros de Jacarepaguá e Santa Cruz.
Apesar de reconhecer que a
campanha eleitoral é influenciada pela pressão de grupos
criminosos sobre os eleitores, o
presidente do TRE disse que,
por enquanto, não concorda
com a convocação da Força Nacional de Segurança Pública para atuar no Rio.
"Não. A coisa não caminha
por aí, não é assim. (...) Há problemas reais e há problemas
noticiados. Então vamos fazer
uma apuração para saber o que
faremos. Mas a partir do TRE.
Pode haver uma certa politização dessa questão e acho que
temos que avaliar com certo
cuidado, ponderação, equilíbrio. (...) Em primeiro lugar, o
problema é de segurança pública", disse Wider ao responder
se gostaria de ter a Força Nacional dando segurança ao processo eleitoral.
Para discutir o assunto, Wider deve se reunir hoje com o
secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e com representantes
das polícias Civil e Militar.
Amanhã, em Brasília, ele tratará da questão com o presidente
do Tribunal Superior Eleitoral,
Carlos Ayres Britto, e, possivelmente, com o ministro da Justiça, Tarso Genro. Ontem, falou
por telefone com o governador
Sérgio Cabral Filho (PMDB).
"O tribunal não oferece segurança a candidato nenhum (...)
Mas queremos eleições tranqüilas, seguras. Se for necessário, em função disso, vamos
buscar todos os apoios", afirmou o presidente do TRE.
A Força Nacional atua no Rio
desde fevereiro de 2007. Segundo o Ministério da Justiça,
de 500 a 600 homens patrulham o entorno do Alemão, vias
expressas e orla da zona sul. O
ministério informou que não
tem um balanço das atividades
da Força no Rio.
Wider afirmou que o eleitor
deve ser orientado a não ceder
as pressões de traficantes e de
milícias que agem em suas comunidades. "De qualquer forma o voto deles é secreto. Dentro da urna não há como descobrirem se votou ou não votou
no candidato A, B ou C."
Sérgio Cabral disse que não
se opõe à convocação de força
especial para atuar no Rio durante a campanha.
No sábado, jornalistas que
seguiam o candidato a prefeito
Marcelo Crivella (PRB) foram
ameaçados por traficantes na
Vila Cruzeiro. Fotógrafos foram obrigados a apagar os registros das câmeras.
Colaborou ITALO NOGUEIRA ,
da Sucursal do Rio
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