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CAMPO MINADO
Jorge Xavier tenta ser vereador em Buritis (MG); em 2002, invadiu fazenda dos filhos de FHC
Candidato do PT é dissidente do MST
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Dissidentes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) em Buritis (MG) assumiram o diretório do PT no
município. Protagonistas da invasão da fazenda dos filhos de
Fernando Henrique Cardoso em
2002, ele foram afastados neste
ano por "desvio de conduta".
Entre os candidatos a vereador
está Jorge Augusto Xavier, o Jorjão, 37, um dos 16 sem-terra presos na desocupação da fazenda
Córrego da Ponte, vendida no
ano passado pela família de FHC.
Por causa do racha no MST, ele
não usará o nome do movimento. Sairá como "Jorge do PT".
Com outros dois líderes do
MST que participaram daquela
invasão, Xavier foi afastado do
movimento em janeiro deste
ano. A direção regional do MST
alega que eles formam um "grupo isolado", que "não se submete
ao método de trabalho coletivo e
de organicidade" do movimento.
Afirma ainda que o afastamento
deles é definitivo. Embora desautorizados pelo MST, eles continuaram a liderar invasões.
A disputa começou dentro do
próprio MST de Buritis. O grupo
de Xavier não apoiou a nova direção estadual do movimento e
rompeu com a ala liderada por
Celito Carlos da Costa, 47, outro
invasor da Córrego da Ponte.
Ainda em janeiro, Adriano Paiva Coutinho, 37, também afastado pelo MST, assumiu a presidência do PT de Buritis. O presidente anterior, Jonas Júlio do
Nascimento, havia deixado o
partido em dezembro de 2003,
sob a justificativa de que "o MST
é maioria dentro do PT" local.
Alegando uso indevido do nome do MST, Costa tentou -mas
não conseguiu- impugnar a
candidatura de Xavier, que tenta
vaga na Câmara pela segunda
vez. Em 2000, também pelo PT,
mas como "Jorge do MST", ficou
em 16º lugar entre 48 candidatos,
com 266 votos, e não foi eleito.
Xavier se diz animado para a
campanha deste ano. Afirma
que, se eleito, não servirá apenas
aos sem-terra.
Ele critica o que chamou de
"atrelamento" do MST ao governo federal. "Há um acordo entre
lideranças nacionais [do MST] e
o pessoal do PT nacional para
acomodar a luta. Para quem se
levanta contra essa questão do
comodismo, de não pressionar o
governo, o recado [do MST] é
igual ao que o PT deu para a Heloísa Helena e Babá [congressistas expulsos do PT no ano passado]: tem que enquadrar ou está
fora", afirma.
Outro lado
O diretor estadual do MST Gaspar Martins negou que o movimento esteja proibido de fazer
ações que venham a prejudicar a
imagem do governo. "Muito pelo contrário, até porque estamos
em luta permanente. Em momento algum fomos aliados com
o governo", diz.
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