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ELEIÇÕES 2004/CAIXA
Valor repassado por construtoras representa 57% das doações de pessoas jurídicas ao diretório nacional do partido em 2002 e 2003
Empreiteiras dos CEUs doaram R$ 2,5 mi ao PT
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PT engordou seus cofres com
R$ 2,51 milhões doados por três
empreiteiras responsáveis pela
construção dos CEUs (Centros
Unificados de Ensino), carro-chefe da propaganda no horário eleitoral da prefeita de São Paulo,
Marta Suplicy (PT).
O valor representa 57% das
doações de pessoas jurídicas recebidas pelo diretório nacional do
partido nos anos de 2002 e 2003.
Desde que Marta Suplicy iniciou a construção das escolas, em
2002, a Construtora OAS Ltda.,
sediada em Salvador (BA), fez seis
doações diretas ao diretório nacional do PT, em seu próprio nome, e três indiretas, por meio da
Coesa Engenharia Ltda., que integra o Grupo OAS.
A Carioca Christiani Nielsen
Engenharia, sediada no Rio de Janeiro, doou R$ 519 mil ao PT nacional e R$ 100 mil ao diretório
paulista do partido.
Em nota, o tesoureiro do PT,
Delubio Soares, que se recusou a
conceder entrevista sobre doações partidárias, informou que as
doações de pessoas físicas e jurídicas "respeitam o disposto na legislação em vigor".
O presidente do PT, José Genoino, também se negou a falar sobre
o assunto (veja texto à parte).
A OAS e a Carioca Christiani
Nielsen participam ou participaram da construção de pelo menos
12 CEUs. Segundo levantamento
feito pela assessoria do vereador
Ricardo Montoro (PSDB-SP) no
sistema de acompanhamento de
gastos da prefeitura, o município
pagou pelo menos R$ 200,4 milhões às duas empresas na gestão
de Marta Suplicy.
O valor empenhado e ainda não
pago às empresas é de aproximadamente R$ 73 milhões.
Pela lei, os partidos políticos podem receber recursos em suas
contas partidárias e até repassá-los para campanhas eleitorais. No
entanto, os nomes desses doadores partidários não constam das
prestações de conta das campanhas eleitorais divulgadas ao fim
das disputas pelo TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) e pelos TREs
(Tribunais Regionais Eleitorais).
Assim, tornam-se doações eleitorais ocultas.
Nas prestações, os recursos surgem apenas como transferências
do caixa do partido para o caixa
da campanha eleitoral.
No último dia 1º, a Folha revelou que pelo menos R$ 20 milhões
obtidos pelos diretórios do PSDB
e do PT durante as campanhas de
2000 e 2002 trilharam esse caminho. Após a reportagem, o TSE
informou que passará a divulgar
pela internet também os nomes
dos doadores partidários.
Além de ajudar o caixa do PT, a
OAS doou, em 2002, R$ 1 milhão
para o comitê financeiro único do
então candidato presidencial petista, Luiz Inácio Lula da Silva. A
empreiteira também doou R$ 500
mil para o governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB),
e ajudou pelo menos 20 candidatos a deputado e governos estaduais de partidos diversos.
Mas o caixa central do PT foi o
único, entre os partidos, a receber
recursos da OAS em 2003.
O PT arrecadou no ano passado
R$ 1,1 milhão em doações empresariais. Deixou bem para trás o
PSDB, que recebeu R$ 422 mil de
empresas. O maior doador tucano foi a Sodepa Sociedade Publicidade, com R$ 200 mil.
Tanto a OAS quanto a Carioca
Christiani não fizeram doações ao
PSDB em 2003.
O PT também foi bem superior
ao parceiro de governo PL, que
recebeu apenas R$ 60 mil de pessoas jurídicas.
Além da Coesa, o PT registrou
outra doação indireta. As empresas Thimino e Chieni Comércio
de Alimentos aparecem como
doadoras de R$ 100 mil cada uma.
A Folha apurou que o nome de
fantasia das empresas é Noah
Gastronomia. Trata-se da empresa responsável pelo atendimento
dos restaurantes da cadeia de hotéis Blue Tree Towers. O PT tem
feito encontros partidários nos
hotéis da cadeia.
De acordo com o balanço, o
partido gastou cerca de R$ 90 mil
com esses hotéis no ano de 2003.
Em março de 2002, a prefeita
Marta Suplicy viajou a trabalho ao
Japão acompanhada da executiva
do Blue Tree Chieko Aoki e de outros 40 empresários.
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