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EM NOME DO PAI
Cargo do filho é trunfo para campanha de candidato à prefeitura
Vice é cabo eleitoral do próprio pai
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JUATUBA
Além de abrigar o Instituto
J.Andrade, sob investigação, a
pequena Juatuba, terra natal de
Clésio Andrade (PL), a cerca de
50 km de Belo Horizonte, vive
uma disputa eleitoral em que o
vice-governador é o mais importante cabo eleitoral da cidade.
O candidato que ele apóia é o
seu pai, o pecuarista Oscar Soares de Andrade, 78, que na última quinta tirou um peso dos
ombros quando o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) reverteu a
impugnação da sua candidatura
por ele não ter passado no teste
de alfabetização do juiz local.
"Na declaração que foi prestada em audiência de aferição,
constava do texto 28 palavras,
sendo que o candidato grafou
corretamente 21, e os erros que
cometeu no restante não comprometeram de todo a leitura",
escreveu o juiz-relator do processo, Antônio Pereira.
"Seu" Oscar (PL), como é chamado, não é debutante na política. Com apenas três anos de estudo, foi vereador nos anos 60 e
prefeito de Juatuba duas vezes.
Sua carreira política foi levada
em conta na decisão do TRE,
mas o episódio deixou Oscar
"constrangido, mas não abatido", conforme disse ele, na manhã da última sexta, em campanha a pé pelo bairro Bela Vista.
A campanha é na base de santinhos e conversas, mas Oscar inovou. Alugou um caminhão com
um telão que todas as noites sai
pela cidade de 17 mil habitantes.
O caminhão-cinema é a novidade daquela eleição municipal.
Antes da exibição de filme escolhido pela comunidade, é
apresentado um vídeo da campanha, que tem como estrelas o
governador Aécio Neves (PSDB)
e Clésio, que dão depoimentos.
Oscar não esconde que o cargo
do filho mais velho é o trunfo da
campanha. "Eu tenho muita certeza disso", afirmou ele, que espera "mais recursos e facilidades
para administrar", já dando como certo um investimento de
"R$ 16 milhões" da Copasa, a
companhia de saneamento do
Estado, para levar água e esgoto a
14 bairros da cidade.
O grupo do opositor Pedro
Magesty (PMDB), que tenta se
reeleger prefeito, reclama que
existe um contrato pronto de R$
8,7 milhões para as mesmas
obras desde dezembro de 2003,
mas que não foi assinado. "Por
que isso não foi autorizado? Nós
achamos que é uma questão política", reclama Wagner Silveira,
secretário de governo.
No comitê de Oscar, que se coligou com PT, PTB, PC do B e
PPS, é distribuído um boletim
sobre a vida de Clésio. "Este é o
vice de Aécio Neves", diz o enunciado. Também há um jornal tipo tablóide com uma foto de
Clésio, Aécio e Oscar estampada
em quase toda a primeira página: "Aécio Neves apóia Oscar e
sinaliza dias melhores para Juatuba", diz.
(PAULO PEIXOTO)
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