|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Investigação sobre a morte do tesoureiro de Collor, em 1996, foi reaberta em 99
Caso PC pára na Justiça e em Brindeiro
MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO
Mais de seis anos depois das
mortes de Paulo César Farias e
sua namorada, Suzana Marcolino, ninguém foi punido pelo que
a polícia, o Ministério Público de
Alagoas, a Justiça de Alagoas e o
Ministério Público Federal afirmaram ser um duplo homicídio.
PC e Suzana morreram em junho de 1996. Cada um recebeu
um tiro. Ele foi tesoureiro da campanha presidencial e personagem-chave do governo Collor.
Horas depois do assassinato de
PC, a polícia alagoana divulgou a
versão que defenderia em 1996:
Suzana, supostamente ameaçada
de abandono pelo namorado, o
teria matado e se suicidado.
A família Farias sustentou a tese. Collor, também. Laudo coordenado pelo legista Fortunato Badan Palhares fundamentou a hipótese da polícia.
Em 1999, após uma reportagem
da Folha mostrar fotografias que
comprovavam estar errada a altura de Suzana -dado essencial para as conclusões técnicas- relatada pelo laudo de Badan, as investigações foram retomadas.
A polícia fez novas descobertas
e concluiu que Suzana não atirou
nem em PC nem em si mesma. Indiciou nove pessoas como suspeitas de co-autoria do duplo homicídio: oito ex-funcionários de PC
Farias e um irmão do ex-tesoureiro, o deputado federal Augusto
Farias (PPB-AL).
O promotor Luiz Vasconcelos
usou adjetivos como "insustentável" e "insano" para proposições
do laudo de 1996 e acatou as de
uma segunda equipe técnica. "É
ululante concluirmos que Suzana
Marcolino não atirou em Paulo
César Farias e nem tampouco em
si própria."
Vasconcelos denunciou (acusou formalmente) em 1999 os oito
ex-funcionários de PC, mas não
pôde se pronunciar sobre Augusto Farias, que tem fórum privilegiado -o STF (Supremo Tribunal Federal)- por ser deputado.
Em março de 2000, o juiz Alberto Jorge Correia acatou a denúncia para o que qualificou em despacho como duplo homicídio. Escreveu serem "imprestáveis" os
trabalhos do inquérito de 1996.
Até hoje não decidiu se pronuncia (leva ao tribunal do júri) os oito réus. Disse que espera um documento para sentenciar.
Também em 2000, o procurador-geral da República, Geraldo
Brindeiro, escreveu em parecer
que há elementos que "indicam a
participação" de Augusto Farias
no "duplo homicídio".
Brindeiro apontou "indícios
fortes" de que Badan tenha cometido o crime de falsa perícia. O
procurador pediu novas diligências, autorizadas pelo STF e cumpridas pela Polícia Federal.
O STF encaminhou em 2 de fevereiro de 2001 os 22 volumes e 19
apensos para Brindeiro dar o seu
parecer. Até hoje a Procuradoria
Geral da República não deu sua
palavra. Os oito réus de Alagoas, o
deputado Augusto Farias e o legista Badan Palhares afirmam
não ter cometido crime algum.
Texto Anterior: Relação de poder ditou o desfecho Próximo Texto: Onde estão? Índice
|