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ANÔNIMO
Motorista foi testemunha-chave em CPI
"Hoje quero ficar na moita", diz Eriberto
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"O sr. está fazendo isso só por
patriotismo?", quis saber o deputado federal Roberto Jefferson, então capitão da "tropa de
choque" de Fernando Collor na
CPI do PC. "E o sr. acha pouco?", devolveu Eriberto França.
Dez anos depois, a discussão
ainda ecoa na memória do motorista que definiu o curso das
apurações que levariam à queda do então presidente. Para
ele, as duas frases resumem sua
participação na história.
Descoberto pela revista "IstoÉ", Eriberto contou à CPI
que pegava dinheiro com Paulo César Farias para pagar despesas da Casa da Dinda, residência de Collor. "Não fui herói. Exerci meu papel de cidadão", diz ele. "Hoje, quero ficar
na moita. Quero ir à feira, comer minha buchada, meu mocotó. Gostaria que esquecessem que Eriberto existiu."
Arrependimento? Não se trata disso. Eriberto, hoje com 37
anos, não ficou rico, mas também não empobreceu. Mora
com a mulher e os filhos num
apartamento alugado. Só não
quer mais se envolver com política. "[Político" totalmente
honesto não existe", afirma.
Na última quinta, concedeu
entrevista à Folha, de pé, no estacionamento do Ministério
dos Transportes. "Aqui dá para
falar mais à vontade."
Sobre ameaças, diz que recebeu um telefonema. "Tinha
abalado a estrutura do país.
Mexi com a autoridade máxima. Temi. Mas ficou no telefonema." Questionado sobre que
recomendação daria a funcionários de autoridades envolvidas com corrupção, respondeu: "Corrupção tem que ser
denunciada. Não tem que ter
medo. Mas se achar que vai dar
em pizza, não adianta mexer".
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