São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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Ex-presidente deve R$ 8,4 mi ao fisco

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Documento oficial da Procuradoria da Fazenda Nacional classifica Fernando Collor de Mello como uma pessoa física em situação de "insolvência". Vinculada ao ministro Pedro Malan (Fazenda), a repartição cobra na Justiça um débito milionário de Collor com a Receita Federal: R$ 8,4 milhões.
A dívida resulta de uma devassa do Fisco nas finanças pessoais de Collor. Auditaram-se as verbas ilegais que o ex-presidente recebeu de Paulo César Cavalcante Farias, o PC, seu tesoureiro eleitoral, morto em 1996. Os auditores desqualificaram a famosa "Operação Uruguai", empréstimo supostamente contraído por Collor para tentar provar a origem do dinheiro de que se beneficiou. Concluiu-se que, independentemente da origem, o dinheiro repassado por PC constituiu-se em renda, passível de tributação.
Em âmbito administrativo, Collor recorreu à última instância: o Conselho de Contribuintes da Receita Federal. Conseguiu derrubar parte do débito. Mas restaram R$ 8,4 milhões, já inscritos na dívida ativa da União. Como Collor não pagou, a Procuradoria da Fazenda tenta receber nos tribunais.
A constatação de "insolvência" baseia-se nas declarações de rendimentos de Collor. Embora ostente um padrão de vida confortável, o ex-presidente levou aos arquivos da Receita números que não o credenciam como alguém em condições de honrar o passivo tributário que lhe é atribuído.
No Imposto de Renda entregue em 2001, relativo ao exercício de 2000, Collor declarou patrimônio de R$ 2,4 milhões. Anotou dívidas que somam R$ 20,9 milhões (não inclui o débito com a Receita).
O maior credor de Collor (R$ 18,1 milhões) é a TV Gazeta de Alagoas, retransmissora da Globo controlada pela família dele. O bem de maior valor que admite possuir é uma casa em Miami, gravada em US$ 1,4 milhão, dos quais só havia pago US$ 262,1 mil.
Na coluna de rendimentos tributáveis, Collor anotou R$ 100. Recebeu-os da Empresa Folha da Manhã, que edita a Folha, em pagamento por artigo escrito para a seção Tendências/Debates do jornal. No campo das deduções, listou R$ 16,4 mil em despesas médicas. Pagou zero de imposto.


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