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Adesão a petista é localizada
COLUNISTA DA FOLHA
Oded Grajew, empresário que
sempre foi ligado ao PT, festeja:
"Nunca vi isso antes".
O "isso" refere-se ao que Oded
considera uma onda de adesões
de empresários dos mais diferentes setores a Luiz Inácio Lula da
Silva, que historicamente foi a
besta-fera do empresariado.
Depois que Eugênio Staub
(Gradiente), eleitor histórico do
PSDB, anunciou apoio a Lula, parecia mesmo que Lula poderia começar a tratar os empresários de
"companheirada".
Não é bem assim. O melhor resumo do estado atual das relações
PT/empresários está em frase de
Abram Szajman, presidente da
Federação do Comércio do Estado de São Paulo: "Não há nenhum
empresário de porte, dos poucos
que existem no setor, propenso a
votar no Lula, mas também não
tem ninguém com medo".
Na ponta da redução do medo
ao PT, pode-se contabilizar, por
exemplo, o fato de que Fábio Barbosa, presidente do ABN Amro,
esteve presente na segunda-feira a
uma reunião convocada pelo PT.
Para o PT, foi sinal de adesão.
Não é bem assim: "Converso com
quem me chamar", diz ele.
O que levou o empresariado a
uma guinada, ainda que relativa,
para um partido que, se ganhasse
em 89, empurraria 800 mil empresários para fora do país, conforme frase pronunciada por Mario Amato, presidente da Fiesp à
época? "É preciso distinguir entre
os que estão de olho no BNDES e
os que sempre acreditaram", diz
um economista que prefere não
ter seu nome divulgado.
É uma alusão ao suposto (ou
real) oportunismo de setores empresariais que gostam de aderir ao
vencedor em perspectiva.
Nega Guido Mantega, um dos
principais economistas do PT:
"De fato, nos dois ou três últimos
meses, houve uma mudança de
atitudes do empresariado, a partir
do amadurecimento de nossas
propostas. Mas não é porque o PT
vai ganhar. É que vão se rompendo as resistências".
Pode ser, mas há também motivos bastante concretos para que
empresários adiram ao PT.
Staub, por exemplo, vinha articulando com o Ministério do Desenvolvimento um projeto em
que empresas de alta tecnologia se
instalariam no Brasil para usá-lo
como plataforma de exportações.
Seriam beneficiadas pela alíquota elevada para importação de
componentes de informática e telecomunicações (14%). Acontece
que o ministro Pedro Malan (Fazenda), anunciou a redução das
alíquotas, torpedeando o projeto.
O que o PT tem a ver com isso?
Simples: "O setor de eletroeletrônicos causa grande déficit. Logo, a
substituição de importações [que
o PT defende] vai centrar fogo
nesse setor", diz Mantega.
Acrescenta: "A tarifa de importação vai ser mantida, mas essa
idéia já havia sido anunciada antes de conhecer o Staub".
(CLÓVIS ROSSI)
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