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Pastor prega voto em evangélico contra 'raça gay'
ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL
Leve Anthony Garotinho à Presidência da República e evite que
os homossexuais conquistem o
status de uma "nova raça". A tese,
absurda, circula por igrejas evangélicas desde o final de julho.
Nasceu durante pregação de um
pastor do Rio, que pertence à Assembléia de Deus. Reproduzido
em CDs, fitas cassetes e vídeos, o
discurso de 29 minutos se disseminou largamente e, hoje, é possível encontrá-lo entre fiéis de diversas denominações.
O candidato do PSB disse à Folha que tem conhecimento do
sermão e que não endossa os trechos sobre homossexualidade.
Também afirmou não usar a preleção na campanha. "Mas quem
apóia minha candidatura é livre
para tentar multiplicar votos",
ponderou.
O pastor que fez o discurso, Édino Fonseca, 56, disputa uma vaga
na Assembléia Legislativa fluminense pelo Prona, o partido nacionalista de Enéas Carneiro. Iniciou a pregação alertando que,
com o intuito de boicotar o crescimento dos evangélicos, o Diabo
arquitetou um plano: manter o
Brasil sob controle de "um grupo,
uma organização mundial", que
corrompe os homens e obriga o
país a vender suas riquezas.
Tal grupo sabe que, quando "os
crentes" alcançarem a maioria demográfica, acabarão assumindo o
poder. Em consequência, a corrupção diminuirá - porque "o
povo de Deus é mais difícil de perverter"- e os interesses externos
deixarão de imperar.
Daí "forças internacionais" influenciarem a aprovação de leis
federais que, no fundo, desejam
atingir a comunidade evangélica.
Dos cinco exemplos que mencionou, o pastor discorreu principalmente sobre a união civil entre
pessoas do mesmo sexo.
O projeto que propõe regulamentá-la, apresentado pela petista Marta Suplicy, tramita na Câmara há sete anos. Caso se torne
lei, enfatizou Fonseca, abrirá caminho para que os homossexuais
sejam reconhecidos como uma
"nova raça".
Pretendendo aclarar o raciocínio, o pastor apoiou-se em supostos conceitos científicos. Explicou
que, antes de virar humano, "o
macaco" converteu-se num "tipo
hermafrodita". Um ser apto a
"engravidar por si".
Os gays almejariam reeditar
aquele tipo. De que maneira? Recorrendo à inseminação artificial.
As lésbicas já conseguiram, uma
vez que podem engravidar sem
contato com o homem.
Os homossexuais masculinos
também se encontrariam próximos de gerar um filho sozinhos.
Afinal, prosseguiu Fonseca, a
ciência provou que "qualquer
pessoa, macho ou fêmea", é capaz
de gestar um bebê na cavidade abdominal, perto do intestino.
Em razão dessa capacidade, os
gays de ambos os sexos estariam
se vendo como uma "nova raça".
E o projeto de Marta apenas serviria para lhes dar mais combustível. De acordo com o pastor, se o
homossexualismo passar à condição de raça, os evangélicos terão
de aceitá-lo. Do contrário, irão
desrespeitar a Constituição, que
proíbe o preconceito racial.
Avalizar o comportamento dos
gays significa permitir que o pecado se instale nos templos -hipótese que destruirá "os crentes",
como querem as "forças internacionais". "Só existe uma coisa que
acaba com a igreja", ressaltou
Fonseca. "Perseguição não acaba,
divisão não acaba. Mas o pecado
dentro da igreja acaba."
O pastor concluiu a pregação
pedindo votos para Garotinho e
candidatos evangélicos em geral
(mencionou somente o nome do
presidenciável). Elegendo-os, "os
cristãos" abortariam o plano do
demônio.
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