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RETA FINAL
Equipe do candidato quer investir no lado humano do ex-governador, aumentando o tom emocional do horário eleitoral
Sob pressão, Ciro joga últimas fichas na TV
PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob pressão diante dos cada vez
mais frequentes apelos para que
renuncie à sua candidatura, o presidenciável Ciro Gomes (PPS)
aposta em suas aparições na TV e
no horário eleitoral gratuito para
tentar chegar ao segundo turno
na disputa pelo Planalto.
Embora por enquanto se neguem a tratar publicamente sobre
a possibilidade de uma desistência, integrantes da Frente Trabalhista vêm discutindo essa hipótese em conversas reservadas.
Na sexta-feira, representantes
da direção nacional do PDT de
Leonel Brizola admitiram que a
possibilidade pode ser um meio
de evitar uma vitória de José Serra
(PSDB) em um eventual segundo
turno contra Luiz Inácio Lula da
Silva (PT). Mais do que isso até, de
garantir o sucesso do petista caso
haja chance de a disputa ser decidida no primeiro turno.
Pesquisa Datafolha divulgada
hoje revela que, a uma semana da
eleição, Lula atingiu 49% dos votos válidos e está a um ponto percentual dessa possibilidade.
Na semana passada, o filósofo
Roberto Mangabeira Unger,
coordenador de programa de governo de Ciro, reuniu-se com Anthony Garotinho (PSB) no Rio,
sugerindo que ele e o pepessista
desistissem de suas candidaturas
em favor de Lula. A iniciativa gerou uma crise na Frente.
Depois dele foi a vez de cerca de
40 pedetistas de Minas, liderados
por José Maria Rabelo -membro da direção nacional do PDT,
um dos fundadores da legenda e
amigo de Brizola-, abandonarem Ciro para aderir ao petista.
Dias antes, o senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL), um dos
maiores entusiastas da candidatura do ex-governador, já havia
declarado em público que "dificilmente" o pepessista conseguiria
chegar ao segundo turno.
Última cartada
Tentando driblar a crise, Ciro,
hoje tecnicamente empatado em
terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto com Garotinho,
tem em seu desempenho na TV
sua última cartada.
Pretende usar o veículo que, pelo menos aparentemente, destruiu suas chances nesta eleição,
para conquistar indecisos.
Buscando reconstruir a imagem
do presidenciável, sua equipe investirá no lado humano do ex-governador, aumentando o tom
emocional do horário eleitoral.
Com esse objetivo, estão previstos para ir ao ar depoimentos de
pessoas comuns sobre Ciro. Entre
elas, um taxista que conheceu o
candidato durante sua passagem
pelo Ministério da Fazenda.
A estratégia pretende demonstrar que o fato de o candidato ter
se referido a um ouvinte na Bahia
como "burro" e de ter dito que o
papel de sua mulher na campanha era o de "dormir" com ele são
consequências de seu lado humano, um comportamento não necessariamente ruim.
Além do horário eleitoral, há
uma grande expectativa também
em relação ao debate desta quinta. De acordo com assessores, o
presidenciável deverá passar a
quarta e a quinta-feira apenas
descansando. Em sua agenda, somente uma massagem relaxante
no dia do confronto.
A equipe do pepessista espera
que, devido ao quadro de indefinição na reta final da campanha, a
audiência do debate seja maior do
que a dos outros encontros anteriores do gênero.
Reduto
Embora em menor escala, a
campanha de rua não será abandonada. Priorizará, entretanto,
redutos eleitorais potencialmente
simpáticos ao pepessista.
Amanhã, ainda sem confirmação, está prevista uma caminhada
no Largo 13, em São Paulo, ponto
de grande concentração de nordestinos. Apesar de ter nascido
em Pindamonhangaba, no interior paulista, Ciro investe no fato
de ter sido criado no Ceará. Costuma perguntar se há cearenses
nos locais onde faz campanha.
Seu último comício deve acontecer na terça-feira, em Fortaleza,
em um conjunto habitacional que
se transformou em um reduto cirista na cidade.
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