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ELEIÇÕES 2004
Caso de São Paulo, em que o partido não quis ceder vice ao PMDB, é emblemático, e só PC do B é aliado constante
PT continua arredio a alianças eleitorais
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A cúpula do PT decidiu ampliar
o leque das alianças para as eleições municipais, como fez em
2002 ao integrar o PL na chapa
presidencial. O resultado, porém,
foi tímido. Fechado o mapa das
capitais, a contabilidade revela
que a sigla permanece refratária a
alianças nas quais não detenha a
cabeça da chapa.
Faltando pouco mais de quatro
meses para as eleições, o PT já definiu candidatos em 25 delas. Na
maioria, o PC do B, aliado tradicional, é o principal partido coligado ao PT -estão juntos em 19
capitais. O PMDB, aposta da cúpula petista para dar capilaridade
ao partido, efetivamente negocia
uma coligação em Curitiba. Mas
pode ainda se coligar ao PT em
Palmas (TO) e João Pessoa (PB). É
pouco e demonstra que a recusa
de Marta Suplicy em ter como vice o peemedebista Michel Temer
é a regra, não a exceção.
Em Fortaleza (CE), aliança radical impediu a coligação com Inácio Arruda (PC do B), o candidato
mais bem posicionado nas pesquisas, ao contrário do que desejava e deseja a cúpula.
A direção conseguiu se impor
em Manaus (AM), onde os petistas locais advogavam candidatura
própria, mas acabaram aceitando
indicar o vice de Vanessa Graziotin (PC do B). Em Boa Vista (RR),
o PT está entre apoiar a reeleição
de Teresa Jucá (PPS) e Lurdinha
Carneiro, pré-candidata do PSB.
Na eleição, ruiu a aliança costurada por Lula para dar sustentação política ao governo no Congresso. O próprio PC do B terá
candidatos em quatro capitais,
em algumas delas contra o PT, caso do Rio. O PMDB já definiu 13
pré-candidatos, o PP, nove, o PSB,
21, e o PTB, 14, sendo um deles
Cristiane Brasil, filha do presidente da sigla, Roberto Jefferson (RJ).
Das quatro coligações já definidas pelo PSB até agora, só uma é
com o PT, número igual nas sete
alianças acertadas pelo PTB. Mas
todos esses números ainda podem sofrer grande alteração, uma
vez que os partidos têm prazo de
10 de junho a 30 de junho para fazer as convenções que oficializarão candidatos e coligações.
A eleição de Maceió (AL) é
exemplar: com a desistência do
senador Teotonio Vilela Filho
(PSDB), desfez-se a anunciada
aliança entre os tucanos e o
PMDB. O líder peemedebista Renan Calheiros poderia migrar para a candidatura do petista Paulo
Fernando dos Santos, o Paulão,
ou do candidato do PSB, Alberto
Sexta-Feira Cavalcante. Hoje, estuda também apoiar o candidato
do PPS, Regis Cavalcante. A direção do PT já cogita tirar Paulão da
disputa, para coligar-se ao PSB.
Outra eleição em mutação é a de
São Luís (MA). Os Sarney estavam fechados com Ricardo Murad (PSB), cunhado de Roseana.
O racha dos Murad com o governador José Reinaldo (PFL) levou a
família a repensar a candidatura.
A direção do PT percebe o que
está em jogo e recorre a todo tipo
de convencimento. Pressiona ministros e afilhados de políticos em
cargos públicos. Casos de Porto
Velho (RO), onde o PT precisa do
PMDB de Amir Lando (Previdência), e de Curitiba (PR), onde
Eduardo Campos (Comunicações) e o presidente de Itaipu, Jorge Samek, foram convocados para tentar retirar as candidaturas
de PSB e PPS, respectivamente.
Não é pouca coisa em jogo. Haverá eleição para prefeito em
5.568 municípios, sendo 237 deles
com mais de 100 mil habitantes, e
61 com mais de 200 mil habitantes
e um eleitorado que corresponde
a 33,47% do eleitorado brasileiro,
segundo levantamento da Patri,
empresa de consultoria de Brasília especializada na área.
Por mais que negue um caráter
plebiscitário à eleição, a cúpula
petista se prepara para enfrentar
um julgamento do governo Lula
nos grandes centros urbanos.
Será o primeiro teste eleitoral do
governo após a vitória de 2002, especialmente em São Paulo, onde o
PSDB chama a disputa de "o 3º
turno". Nele, o PT entra na campanha sem sua marca registrada:
o discurso da mudança e da moralidade, desgastado pela ortodoxia econômica do ministro Palocci (Fazenda) e pelo caso do hoje
ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz, que recolhia propina.
"Nós não vamos atacar, mas
também não vamos dar a outra
face", diz o presidente do PT, José
Genoino (SP). "Já estamos mudando o Brasil e mudamos onde
estamos governando", é a resposta seja às críticas de que o PT gerencia mal o governo, seja ao continuísmo na economia.
Colaborou a Agência Folha
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