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SAIBA MAIS
Fox rompeu com 71 anos de PRI, mas é refém do partido
DO ENVIADO ESPECIAL
Quando Vicente Fox quebrou a tradição política mexicana ao vencer as eleições presidenciais por um partido de
oposição, analistas sugeriram
que o PRI, legenda que governara o país por 71 anos e que fora desalojada do poder, estaria
fadada à fragmentação. Caberia ao novo presidente recolher
os "cacos" que lhe agradassem.
Dois anos depois, o PRI não
só continua existindo como
um bloco partidário relativamente sólido como faz oposição sistemática ao governo, paralisando a administração e
contribuindo para a queda no
índice de aprovação de Fox -
de cerca de 80%, em 2000, para
menos de 40% no mês passado.
Analistas dizem que a queda
também foi provocada pela ordem mundial pós-11 de setembro. Os atentados elevaram o
controle da Casa Branca sobre
imigrantes mexicanos ilegais e
impediram que Fox usasse sua
relação privilegiada com o presidente George W. Bush para
"flexibilizar" a fronteira entre
os dois países. Fox se elegeu
prometendo melhorar a vida
de mexicanos ilegais nos EUA.
Mesmo com uma menor receptividade de Bush a essa proposta, Fox e seu chanceler, Jorge Castañeda, levaram adiante
a polêmica mudança na política externa mexicana. A nova
política faz um esforço para jogar no lixo o nacionalismo arraigado há décadas no país.
Na quinta à noite, Castañeda
divulgou que os pilares da nova
política externa passarão a se
basear no reconhecimento dos
EUA como uma superpotência
hegemônica mundial.
Apelidada por Castañeda de
"bilateralismo multilateral", a
nova política propõe alianças
estratégicas com todos os países, mas vê como indiscutível o
fato de o México se vincular estreitamente aos EUA, por "razões de história, de geografia e
interesses concretos".
A política recebe críticas do
PRI e de outros partidos de
oposição, que, juntos, controlam cerca de 60% das cadeiras
do Senado e 65% da Câmara.
No campo econômico, Fox
convenceu parte dos mercados
de que a participação do país
no Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte)
retira sua economia do imaginário latino-americano.
Apesar disso, o México apresenta problemas similares aos
brasileiros. Embora seu comércio tenha quadruplicado na última década, o país ainda apresenta um déficit comercial e
depende dos capitais internacionais para fechar suas contas.
O maior problema econômico do país é sua pequena arrecadação tributária -apenas
10% do PIB. Fox tentou passar
ampla reforma do sistema de
impostos, mas, diante da oposição no Congresso, teve de
aceitar mudanças cosméticas.
Há cerca de dez dias, o presidente do Banco Central mexicano, Francisco Gil Diaz, declarou que, se o México não aprovar uma reforma fiscal ampla,
o país poderá transformar-se
numa Argentina, pois o recursos de privatização irão se esgotar.
(MARCIO AITH)
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