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PSDB debate dosagem de discurso de satanização da imagem de Lula
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Há um debate no comando da
campanha presidencial do PSDB
sobre a dosagem da estratégia de
associar o petista Luiz Inácio Lula
da Silva à eventual argentinização
do Brasil e classificar o tucano José Serra como o candidato mais
bem preparado para evitar o caos
econômico. O resultado do debate marcará o tom da propaganda
tucana no horário eleitoral gratuito, marcado para começar em 20
de agosto. O marqueteiro Nizan
Guanaes e sua equipe já estão elaborando peças de campanha para
a TV e o rádio.
A Folha apurou que o presidente Fernando Henrique Cardoso e
Nizan Guanaes fizeram uma autocrítica em relação à associação
de Lula à Argentina, país onde a
economia derreteu e gerou crise
política e social.
Essa associação teria contribuído, em boa parte, para a turbulência econômica que vem assolando
o Brasil nas últimas semanas, elevando o dólar a patamares inéditos e aumentando o risco-país
(indicador que mostraria a capacidade de o Brasil honrar seus
compromissos externos).
O governo já pisou no freio, mas
os tucanos, para efeito eleitoral,
acham que o estrago econômico
já está feito e que têm de bater
mesmo é na tecla de que o governo Lula significará o caos.
Já o time de marketing de Serra
teme que essa linha de demonização de Lula traga um carimbo incômodo para Serra, o de candidato do mercado financeiro que
precisa ser eleito a ferro e fogo.
Além de transmitir uma imagem de antipatia aos formadores
de opinião, que apontam a vulnerabilidade externa como nosso
maior flanco, Nizan e cia. temem
que o eleitorado resista à vontade
do mercado financeiro internacional e do empresariado brasileiro. Em outras palavras, Serra estaria se transformando no candidato dos ricos, exatamente a imagem que a campanha petista tenta
colar no candidato do PSDB.
Interessa a Nizan fazer a associação Lula-caos econômico de
forma mais sutil, insistindo no suposto despreparo de Lula.
A Folha apurou que o marqueteiro de Serra está colecionando
declarações infelizes e contraditórias de Lula, para usá-las no horário eleitoral gratuito. Com isso,
pretende usar Lula para criticar
Lula. Um exemplo de exagero que
pode prejudicar Serra, na opinião
da cúpula da campanha do tucano, foi o discurso da última terça-feira feito pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan, em depoimento
à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Depois de ficar meses cobrando
do PT um documento comprometido com a estabilidade, o que
veio após divergências fortes entre os economistas petistas, Malan
falou que seria bom para acalmar
o mercado manter Armínio Fraga
por um tempo na direção do Banco Central, qualquer que seja o
próximo presidente eleito.
Nizan teme que, se a dosagem
da satanização de Lula não for
correta, o eleitorado veja Serra como imposição e o rejeite. ""Não
pode passar a impressão do pai
que diz ao filho que ele pode se casar com quem quiser, desde que a
moça se chame Marlene, seja loira
e trabalhe de aeromoça na TAM",
disse Nizan de brincadeira a um
interlocutor.
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