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Desmatamento na Amazônia cai, diz Inpe
Queda nas 36 cidades que mais desmatam foi de 52% em maio e junho, em comparação com o mesmo período de 2007
Devastação em junho foi de 870,8 km2, uma queda de 20,05% em relação a maio;
governo atribui redução a medidas adotadas em 2008
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os 36 municípios que mais
desmatam a Amazônia registraram queda de 52% na área
de devastação no último bimestre (maio e junho), em comparação ao mesmo período do ano
passado. Apresentado ontem, o
resultado foi atribuído às medidas de combate ao desmatamento adotadas no início do
ano e que levaram ao embargo
de uma área equivalente a 70%
da cidade de São Paulo, além da
suspensão de mais de mil certificados de propriedade, com o
conseqüente corte de crédito.
"Nada aconteceu por acaso: o
desmatamento caiu onde a
gente foi em cima", disse o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), ao analisar os dados do
desmatamento de junho, divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Em junho, o Deter (sistema
de detecção de desmatamento
em tempo real) captou a devastação de 870,8 km2, mais de
duas vezes a área da baía da
Guanabara. Embora o Deter
não meça com precisão a área
de desmatamento, os números
representam uma queda de
20,05% em relação a maio.
A queda mais importante
aparece na comparação com
junho de 2007: 37,7%. Essa redução é relevante porque foi
registrada em um mês de desmatamento alto e quando havia poucas nuvens na região:
72% da Amazônia estava livre
para a observação, diz o Inpe.
Outro dado importante na
análise é que o desmatamento
diminuiu mesmo com os preços de commodities como carne e soja continuarem em alta.
Tradicionalmente, esses preços colaboram para o aumento
do ritmo das motosserras.
Em junho, Mato Grosso registrou a maior queda no desmatamento (69,5% em relação
a maio). Mas o Estado ainda
concentra 57% da devastação
acumulada desde agosto.
Com base nos números de
junho, Minc voltou a rever a
projeção para a taxa anual de
desmatamento, que será divulgada no segundo semestre. O
ministro estima que a devastação da floresta entre agosto de
2007 e julho de 2008 alcance
12 mil quilômetros quadrados.
O número ainda supera os 11,2
mil quilômetros quadrados do
ano anterior e interrompe a
tendência de três anos consecutivos de queda na taxa.
Nos 36 municípios que concentraram as ações de combate
ao desmatamento, a queda no
ritmo da devastação foi comemorada por Minc. O Ibama calcula que 20 mil cabeças de gado
tenham sido retiradas de áreas
de desmatamento ilegal ou de
preservação, em conseqüência
da Operação Boi Pirata. Na região da Terra do Meio (PA), a
devastação em 2008 foi 80%
menor do que no ano passado.
Em Juará (MT), o desmate registrou queda de 84%.
Segundo o Ibama, neste ano
foram embargadas 606 áreas
por desmatamento ilegal. Esses locais somam 1.150 km2.
Além disso, o Incra suspendeu
a validade de 1.066 cadastros
de proprietários de terras na
região, que ficarão sem crédito.
Minc não comentou os dados
divulgados anteontem pelo
Imazon (Instituto do Homem e
Meio Ambiente da Amazônia),
que apontou aumento de 23%
do desmatamento em junho. O
Imazon usa metodologia diferente para analisar as imagens
de satélites do Inpe, cuja interpretação é tida como "oficial".
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