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Índios querem transformar reserva de RR em pólo turístico; Funai diz que é irregular
LUCAS FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL À
RAPOSA/SERRA DO SOL (RR)
Índios da terra indígena Raposa/Serra do Sol (RR) querem
transformar a reserva em pólo
turístico. Assim que o Supremo
Tribunal Federal definir a demarcação da terra indígena, será feito um trabalho de ecoturismo desenvolvido por eles
próprios, sob a coordenação do
CIR (Conselho Indígena de Roraima), que quer a saída dos arrozeiros e não-índios da terra.
A idéia é aproveitar a fama
para o desenvolvimento do turismo na área, de 1,7 milhão de
hectares e repleta de rios, cachoeiras, montanhas e trilhas.
O centro das atividades ficaria
na Vila Surumu, porta de entrada da reserva, localizada a 226
km da capital Boa Vista, onde
há aeroporto internacional.
Apesar do interesse dos índios, a Funai (Fundação Nacional do Índio) considera irregular atividades turísticas em terras indígenas. Há um estudo interno no órgão sobre a regularização do turismo nessas terras,
ainda sem conclusão -assim
como um projeto de lei que tramita na Câmara propondo regulamentar a atividade.
Quando é detectado turismo
em reservas, a Funai diz que faz
um trabalho de conscientização com a comunidade.
À Folha os índios favoráveis
à demarcação contínua da Raposa disseram que há um trabalho de mapeamento sendo
organizado para identificar
possível áreas aptas ao desenvolvimento do ecoturismo.
"As atividades não poderão
ser desenvolvidas nas áreas
que usamos para sobreviver",
contou o macuxi Cristovão
Galvão, 41. Segundo Galvão,
eles querem organizar tudo de
modo que toda a comunidade
indígena seja beneficiada.
O CIR afirma que o plano de
desenvolver atividades na terra
indígena já foi aventado pelo
governo do Estado e pela Prefeitura de Pacaraima (RR), porém nunca levado adiante.
"Não dá para pensar nisso
agora. Temos que esperar passar tudo isso", diz Galvão, referindo-se à suspensão do julgamento pelo STF sobre a demarcação da área motivada pelo pedido de vista do ministro
Carlos Alberto Direito.
Hoje, índios da Raposa ganham gorjetas de turistas que
vão ao monte Roraima. Segundo o CIR, eles guiam os viajantes ou ajudam com as malas.
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