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Para Fome Zero, projeto era "controverso"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O projeto original do Fome Zero, lançado pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva durante a
campanha ao Planalto, não chega
a uma conclusão sobre a eficácia
do Programa Nacional do Leite
para Crianças Carentes. No texto,
o programa do governo José Sarney aparece como uma "experiência controvertida".
Ainda assim inspirou, como o
Food Stamp norte-americano, a
idéia de distribuir cupons de alimentação às famílias pobres,
idéia arquivada nos primeiros
meses de governo Lula.
Independentemente da avaliação técnica que se fazia do programa do governo Sarney, o então
candidato ao Planalto se comprometeu com a distribuição de leite
no palanque.
Há registro de que a promessa
tenha sido feita pelo menos uma
vez, no final de agosto do ano passado, já na reta final da disputa. "É
mais uma promessa de campanha que estamos cumprindo", diz
o ministro José Graziano.
Pastoral
No capítulo sobre combate à
desnutrição, o projeto Fome Zero
nem sequer menciona a distribuição do leite.
Em vez disso, aplaude a experiência da Pastoral da Criança,
que combate a mortalidade infantil em bolsões de miséria por meio
de atividades com a comunidade
e da multimistura (farinha enriquecida), a baixo custo. Um detalhe: o programa da multimistura
foi recentemente desmontado no
Ministério da Saúde.
O governo Sarney tinha mais ou
menos o mesmo tempo de vida
que o governo Luiz Inácio Lula da
Silva quando o programa do leite
foi lançado. E foi alvo de críticas
até dentro de sua equipe.
O então ministro Aníbal Teixeira, da Secretaria Especial de Ação
Comunitária, tachou o programa
de paternalista.
"Nós preferimos ensinar a pescar a simplesmente dar o peixe",
dizia à época.
O programa não resistiu ao primeiro ano de governo Collor (90-92). Foi suspenso em janeiro de
1991, depois que um relatório da
Polícia Federal e do Ministério da
Ação Social apontou graves indícios de desvio e fraude.
Produção
Enquanto o programa durou, a
produção nacional de leite pulou
de quase 12,5 bilhões de litros por
ano para pouco mais de 15 bilhões
de litros anuais.
Já o consumo médio por habitante registrou sua melhor marca
em 96, quando não havia nenhum
programa oficial de distribuição
de leite, mas a renda do brasileiro
havia melhorado.
(MS)
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