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Governo estuda
criar força
de segurança
DA REPORTAGEM LOCAL
A desconfiança do governo de
Luiz Inácio Lula da Silva sobre a
capacidade de a PF combater o
crime organizado é tão grande
que uma nova força está sendo
planejada para exercer essa função. O plano foi iniciado pelo ex-secretário nacional de Segurança
Pública, Luiz Eduardo Soares, demitido em setembro pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz
Bastos, mas, na última sexta-feira,
havia funcionários do Ministério
da Justiça trabalhando numa nova versão da proposta.
Soares diz que concebeu o que
chama de uma "força especial"
porque o crime organizado tomou "vários segmentos" das estruturas policiais. O fato de a Superintendência da Polícia Federal
de São Paulo não ter sido informada da Operação Anaconda tornou público o nível de corrupção
do órgão no Estado, segundo ele.
"Propus a formação de uma força especial porque a PF está imersa em corrupção", diz.
Soares descartou, de partida, a
criação de uma nova polícia porque isso demoraria cinco anos, no
mínimo, entre contratação, treinamento e início das ações.
Soares concebeu uma espécie
de "seleção nacional da polícia",
formada pelos melhores quadros
das polícias Civil e Militar de cada
Estado. Policiais federais poderiam participar desde que passassem pela seleção. Para evitar atritos de comando, o atual diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, também seria o chefe da nova força.
Os salários desses policiais oscilariam entre R$ 7.000 e R$ 10 mil.
Todos continuariam com seus ganhos nos Estados e receberiam
uma espécie de bolsa de estudos,
já que passariam por um processo
de formação.
A "força especial", no plano feito por Soares, consumiria R$ 100
milhões no primeiro ano -R$ 36
milhões em salários e R$ 64 milhões na compra de equipamentos para a área de inteligência.
A Folha tentou na noite da última sexta-feira entrevistar o ministro da Justiça e o diretor-geral
da PF sobre a nova força, mas não
conseguiu encontrá-los. Um assessor do ministro informou que
o combate à corrupção na PF é
uma das prioridades da atual gestão e que mais de 200 policiais já
foram afastados em dez meses.
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