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Em SP, tucanos buscam nome viável
RENATA LO PRETE
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
A pouco mais de um ano da sucessão paulistana, a quantidade
de aspirantes à vaga do PSDB na
disputa é inversamente proporcional à viabilidade da maioria
dos nomes colocados na mesa.
Não faltam candidatos a candidato. Falta, no entanto, alguém que
una razoavelmente o partido e, ao
mesmo tempo, demonstre potencial para estabelecer polarização
com uma adversária que concorrerá no cargo e com o apoio engajado do presidente da República.
Candidato derrotado ao Planalto em 2002, José Serra preenche os
dois requisitos, mas já se cansou
de repetir que não disputará novamente a prefeitura, à qual concorreu em 1988 e 1996.
A recente declaração do ex-senador colocando-se "à disposição" do partido, "como soldado",
para as eleições do ano que vem
foi interpretada menos como mudança de idéia e mais como movimento em direção ao posto de fato pretendido por Serra, o de presidente nacional do PSDB, a ser
escolhido entre novembro e dezembro próximos.
Ao contrário de Serra, o ex-deputado federal José Aníbal tem
vontade de sobra de ser candidato. Em franca campanha pela indicação, o atual presidente da sigla considera que o quarto lugar
na eleição de 2002 para o Senado
lhe proporcionaria "recall" suficiente para tentar a prefeitura.
A interlocutores, Aníbal diz ter
o apoio de Serra -que compõe,
juntamente com o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso e o
governador Geraldo Alckmin, a
tríade que terá peso real na definição do nome. Aníbal descarta a
necessidade de prévias.
Os deputados federais Walter
Feldman e Zulaiê Cobra afirmam,
porém, disposição para ir às prévias. Sem dúvida é cedo para tomar essas manifestações ao pé da
letra, mas elas indicam que não
será fácil acomodar os interesses
em conflito.
Remanescentes do chamado
grupo covista, Feldman e Zulaiê
alegam que já abriram mão uma
vez do desejo de disputar a prefeitura -em 2000, quando o então
governador Mário Covas decidiu
que o candidato seria Alckmin.
"O nome deveria ser definido o
mais cedo possível", diz Feldman.
Zulaiê também acha.
A lista de tucanos "históricos"
candidatáveis inclui ainda o deputado Arnaldo Madeira, que
transita entre os covistas e entre
os mais próximos de Alckmin, de
quem é secretário da Casa Civil.
À diferença dos demais, Madeira tem negado intenção de ser
candidato, fazendo coro com
Alckmin no discurso de que é cedo para tratar o assunto. "Ninguém ganha eleição simplesmente porque anunciou o nome antes", afirma o secretário.
O maior problema dos "históricos" é que poucos crêem que eles
possam ameaçar Marta Suplicy.
Por essa e outras razões, Alckmin tem manifestado há meses o
desejo de viabilizar uma alternativa, buscando um nome na "nova
geração" de secretários estaduais.
A preferência recai sobre Gabriel
Chalita (Educação) e Saulo de
Castro Abreu Filho (Segurança).
Chalita, segundo a Folha apurou, já esteve perto de ser descartado. Um dos secretários mais
bem avaliados pelo governador,
ele seria guardado para disputas
futuras. Isso não é mais tão certo.
Coube a Saulo, entre os nomes
até agora postos em discussão, o
melhor desempenho em pesquisa
recentemente feita para o PSDB.
Alguns tucanos avaliam que o
relativo desconhecimento do eleitorado em relação ao secretário
da Segurança pode ser benéfico.
Nesse raciocínio, a partir de alguns valores positivos atribuídos
a Saulo ("honesto", "esforçado")
seria possível construir um perfil
de candidato com chances de enfrentar a prefeita. É nele que os petistas têm batido, direta ou indiretamente, com mais frequência.
A hipótese Saulo, entretanto, está longe de consolidada. Fora do
partido, o secretário tem conquistado apoios e despertado o interesse de empresários. Dentro, porém, sofre intenso bombardeio
por sua condição de "cristão novo" -filiou-se há poucos dias.
No discurso dos "históricos",
Saulo "não representa o PSDB".
Para dificultar o xadrez, o governador, em tese padrinho de
seu secretário, tem evitado discussões sobre a eleição municipal.
No entender de um analista
próximo dos tucanos, Alckmin
fará "como Fernando Henrique"
em sua sucessão: aguardará para
ver se Saulo se viabiliza sozinho
antes de decidir o que fazer.
Caso a disputa no PSDB se torne
muito custosa, o governador sempre poderá lavar as mãos. Bem
avaliado nas pesquisas, Alckmin
não sofreria grande desgaste em
caso de derrota de um nome pouco associado à sua administração.
Mas o governador, um dos presidenciáveis tucanos, não ignora o
que significaria tomar a prefeitura
paulistana do partido que tirou o
PSDB do Planalto. Para Edson
Aparecido, presidente estadual da
legenda e homem da confiança de
Alckmin, "a única eleição nacional do ano que vem será a da Prefeitura de São Paulo".
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