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OUTRO LADO
Parlamentares citam currículo e permissão legal
DA AGÊNCIA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Dizendo-se a favor da nomeação de familiares de deputados na
Câmara e "honrado" com o fato
de sua irmã ser ocupante de CNE,
o líder do PTB na Casa, Roberto
Jefferson (PTB-RJ), declarou que
Rosane Monteiro cuida de sua
"correspondência pessoal e de líder". A irmã de Jefferson está lotada na liderança do PTB em Brasília, mas vive em Petrópolis (RJ).
"Encaro isso como positivo, ela é
uma grande auxiliar."
O deputado Gilberto Nascimento (PSB-SP), pai de Gabriel Range,
22, afirmou que procurou a liderança de seu partido para pedir a
nomeação do filho e não vê nenhum problema na indicação.
Lobbe Neto (PSDB-SP) informou que sua mulher, Lilian Ryter,
o acompanha desde quando era
deputado em São Paulo. Lilian é
professora efetiva da rede estadual e acumula o salário da Câmara. "Na Assembléia, a mulher
do parlamentar pode ser comissionada para acompanhar o deputado em seus trabalhos políticos, quando ela tem algum cargo
público. Fui eleito deputado federal, e ela veio comigo me ajudar.
Não pude acomodá-la no meu gabinete, não havia espaço. Por isso,
ela foi nomeada na liderança do
PSDB. É tudo legal."
De acordo com José Múcio
(PTB-PE), como não há lei que
proíba, ele não viu impedimento
em pedir à liderança do partido
uma vaga de CNE para sua filha
Cecília Queiroz Monteiro, que,
por "problemas de saúde", foi a
Recife e não compareceu ao trabalho na semana passada.
Evelyn Maestri, CNE da Terceira Secretaria, obteve a vaga "por
méritos próprios", segundo seu
pai, Josué Bengtson (PTB-PA).
"Ela é casada e mora em Brasília.
Não influenciei na nomeação."
Questão de currículo
Para o deputado Alberto Fraga
(PMDB-DF), não há problemas
no fato de o seu filho Diego Alberto ocupar um CNE na liderança
do PMDB. "Ele trabalha das 8h às
18h. Se ele não viesse, tudo bem.
Mas ele trabalha para a liderança
do partido, e não para mim."
Zé Lima (PP-PA) e Milton Cardias (PTB-RS) disseram que as
nomeações de suas filhas Tatiane
Alves da Silva e Ana Cláudia, respectivamente, foram uma "questão de currículo". "A atuação dela
é em Brasília, mas, quando necessário, presta serviços no Rio
Grande do Sul", disse Cardias.
Por e-mail, o deputado Ricarte
Freitas (PTB-MT) afirmou: "Não
há impedimento legal no fato de
meu filho [Thiago] prestar serviços à Câmara. Não vejo nisso nenhum complicador ético".
Lupércio Ramos (PPS-AM) disse que sua cunhada, Janice Pimentel, trabalha para seu gabinete em Manaus (AM), apesar de lotada na Comissão da Amazônia,
porque houve "uma análise de
currículo". "Nepotismo é uma
coisa, trabalho político é outra."
Leandro Vilela (PMDB-GO) informou, por meio de sua assessoria, que pediu a contratação de
sua irmã ao partido e que, para
ele, não há problema no ato. Alessandra Vilela, segundo ele, trabalha em seu escritório, em Goiás.
O parlamentar baiano Paulo
Magalhães (PFL-BA) declarou
que não teve influência na nomeação de seu irmão Ângelo Mário, pois, quando foi eleito, ele já
estava na Casa em um CNE.
Os demais deputados citados
no quadro acima foram procurados desde a última segunda-feira,
e suas assessorias, informadas sobre o teor da reportagem. Alguns
não quiseram se pronunciar, e
outros não ligaram de volta.
O secretário especial da Pesca,
José Fritsch, disse que não teve ingerência na nomeação de sua mulher, Ivoni Fritsch, para ocupar
um CNE na Câmara.
"Fui deputado federal por dois
anos, e minha mulher nunca trabalhou em gabinete de ninguém.
Fui prefeito de Chapecó [SC] por
seis anos e não há nenhum parente meu nomeado na prefeitura.
Não cabe, para mim, essa coisa de
nepotismo. Ela [Ivoni] sempre
trabalhou para o PT, tem uma história de vida a favor do partido e,
agora, foi convidada pela liderança [do PT] para trabalhar na Câmara. E ela ganha um dos menores salários da Casa [cerca de R$
2.000]", afirmou o secretário.
A assessoria da presidência da
Câmara comunicou que João
Paulo Cunha (PT-SP) estava com
sua agenda lotada na última sexta-feira e não pôde ser informado
sobre o pedido de entrevista feito
pela reportagem. Há duas semanas, o presidente da Casa afirmou
que os CNEs serão mantidos,
pois, segundo ele, não são "imorais nem irregulares".
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