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Aquecimento global beneficia americanos
GEOFFREY LEAN
DO "THE INDEPENDENT"
Países pobres vão sofrer perdas
maciças de produção de alimentos e de terra cultivável conforme
o aquecimento global aumentar,
mas a América do Norte se beneficiará do fenômeno. É o que indica um relatório das Nações Unidas divulgado durante a Rio +10.
As conclusões -que deram nova dimensão à recusa do governo
Bush de ratificar o Protocolo de
Kyoto contra a mudança climática- mostram a produção de alimentos caindo vertiginosamente
em até 73 países, nos próximos oito anos, enquanto a sua população aumenta.
O relatório afirma que o cultivo
de trigo "virtualmente desaparecerá da África", cairá até 95% no
Sudeste Asiático e 75% no subcontinente indiano. Outras culturas, como açúcar e tubérculos,
também decairão, embora num
ritmo menor.
Modelos de computador
Preparado pelo Instituto Internacional de Análise de Sistemas, o
texto se baseia numa série de sofisticados modelos de computador sobre o clima e a produção de
comida. Outra conclusão importante é que as regiões áridas dos
países em desenvolvimento deverão aumentar.
O cultivo se tornará muito mais
difícil no sul da África, enquanto
11% de sua área total poderá sofrer com "restrições severas" à
agricultura em 2080. A América
Central e o Caribe, a Austrália, o
norte da África e o Oriente Médio
também perderão solos.
Partes da Europa -em particular o Reino Unido, a Irlanda e a
Espanha- perderão terra arável
porque os padrões de chuva mudarão, trazendo verões mais secos. Mas outras regiões, como a
Escandinávia, deverão lucrar com
o aquecimento de regiões mais
frias ao norte -hoje, boa parte do
território finlandês e norueguês é
impróprio para a agricultura em
razão do frio.
Mais fome na África
A América do Norte e a Rússia
também ganharão terra cultivável
e devem aumentar "substancialmente" a sua produção. Em comparação, 40 países em desenvolvimento -que deverão abrigar até
3 bilhões de pessoas em 2080-
poderão perder até um quinto de
suas colheitas.
Entre os mais afetados estão o
Sudão, a Nigéria, o Senegal, Mali,
Burkina Fasso, a Etiópia, o Zimbábue, a Somália e Moçambique.
O número de pessoas afetadas
pela fome também irá crescer, diz
o relatório, e o mundo se tornará
ainda mais dependente dos Estados Unidos para a obtenção de
alimentos. Hoje, fazendeiros norte-americanos ajudam a alimentar mais de cem países que importam seus cereais, e o relatório prevê que as importações de países
em desenvolvimento irá aumentar 25% nos próximos 80 anos.
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