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Professor treinou vários brasileiros em Coimbra
DA REDAÇÃO
Domenico Vandelli foi o pai
da ciência brasileira. Isso numa
época em que tanto Brasil
quanto ciência eram conceitos
relativamente jovens. Em plena restauração pombalina, em
1764, Vandelli foi convocado
pelo marquês de Pombal a ser
professor em Coimbra.
O plano de Pombal, influenciado pelo iluminismo, era abolir a escolástica e substituí-la
pelo ensino de ciências, o que
aconteceria em 1772.
Vandelli, amigo e discípulo
de Carl von Linnaeus (Lineu),
criador do sistema de classificação das espécies, organizou o
Jardim Botânico da Ajuda e
fundou um museu de história
natural, sob forte oposição da
Igreja Católica -descontente
com a derrocada do pensamento aristotélico. Começou, ainda, a treinar jovens cientistas, a
maioria brasileiros.
Numa época em que o negócio mercantilista do ouro declinava devido ao esgotamento
das minas, as potências coloniais européias se viram forçadas a encontrar novas formas
de exploração de suas colônias.
França e Inglaterra já haviam
tomado a dianteira no uso do
conhecimento científico para
inventariar riquezas florestais
e minerais de seus territórios.
Portugal, por outro lado, era
o arquétipo do atraso e do desperdício de recursos florestais:
no livro "A Ferro e Fogo"
(1996), o historiador americano Warren Dean conta como
Portugal importava o copal,
uma essência florestal, cuja
planta era originária do Brasil.
Vandelli fez o governo português notar essas inconsistências. Sob estímulo de Lineu, organizou as "viagens filosóficas"
às colônias ultramarinas. Entre
seus os alunos estava o baiano
Alexandre Rodrigues Ferreira,
que descobriu a biodiversidade
da Amazônia brasileira.
Também discípulos de Vandelli foram José Bonifácio, artífice da Independência, e Hipólito José da Costa, fundador do
primeiro jornal do país, o "Correio Braziliense".
Um dos principais testemunhos do projeto científico de
Vandelli permanece até hoje no
Rio de Janeiro, o Jardim Botânico. O projeto foi obra de Rodrigo de Souza Coutinho, ex-aluno de Coimbra e conhecedor das idéias de Vandelli.
Souza Coutinho achava que a
difusão do conhecimento científico era a melhor maneira de
aliciar as colônias contra a
ameaça francesa. Em tempos
em que o governo brasileiro
brada contra a internacionalização da Amazônia ao mesmo
tempo em que protege desmatadores, esse raciocínio ganha
atualidade -e faz falta.
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