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Filhote em recuperação será solto neste ano
Carolina Ramos/IDSM
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Piti Aranapu com seus tratadores, na reserva de Mamirauá
DA REPORTAGEM LOCAL
Piti Aranapu, um filhote de
peixe-boi-da-Amazônia resgatado com um ferimento provocado por arpão e diversas escoriações pelo corpo, no ano passado, está em recuperação e deve ser devolvido ao ambiente
no final deste ano.
Ele foi encontrado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e, agora, está num recinto "seminatural"
-uma piscina dentro do lago
Amanã, na reserva de mesmo
nome. Piti toma mamadeira
(mistura de leite de soja e de vaca, óleo vegetal e complementação vitamínica) e também ingere plantas aquáticas.
O peixe-boi está num centro
de reabilitação comunitário,
que funciona com a participação de moradores da área. A
idéia é que, ao conviver com o
animal, ocorra a conscientização da necessidade de preservar a espécie -e a caça diminua. "Quando chegou, ele era
brigão, derrubava os pesquisadores", conta Miriam Marmontel, do IDSM. O animal, antes
de ser solto, receberá um cinto
com radiotransmissor para ser
acompanhado.
"No começo, ele mamava
cinco vezes por dia e, agora,
mama uma vez. Procuramos
replicar o que acontece no ambiente natural", afirma.
Jone César Fernandes, ecólogo e diretor-executivo da
Ampa (Associação Amigos do
Peixe-Boi), diz que a entidade
recebe filhotes o ano todo. "Alguns feridos por caçadores, outros por redes de pesca. Já recebemos animais com cortes profundos de facão na cabeça, com
cauda e nadadeira cortada ou
sofrendo de inanição", conta.
Segundo ele, muitas vezes as
mães foram caçadas e o animal
acaba sendo resgatado por algum ribeirinho.
"Sabemos que atualmente a
população do peixe-boi-da-Amazônia está muito abaixo da
de décadas atrás, quando a exploração comercial da espécie
foi mais intensa, principalmente entre a década de 1930 e a de
1950. Estima-se que nesta época tenham sido caçados cerca
de 200 mil [animais]."
Proibição
A caça do peixe-boi foi proibida por lei federal em 1967,
mas a captura persiste, em menor escala. "Além da caça, outros fatores que ameaçam a espécie são a destruição de seu
habitat natural, o desmatamento da mata ciliar e a diminuição na disponibilidade de
alimento", afirma. Hidrelétricas também atuam como barreiras e isolam populações.
(AB)
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