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Governo acusa ambientalista por roubo de carne
DA ENVIADA ESPECIAL A TÓQUIO
Não é de hoje que a caça científica provoca controvérsia,
mas o assunto voltou com tudo
ao debate após a prisão de dois
ativistas do Greenpeace no Japão, formalmente acusados na
sexta-feira passada de roubar
carne desses cetáceos.
Eles tentavam mostrar um
esquema de contrabando dos
tripulantes do navio-fábrica
Nisshin Maru. Dizem ter interceptado uma caixa com carne
de baleia que funcionários da
embarcação mandavam para
suas próprias casas.
Depois de irem a público denunciar o suposto esquema,
acabaram detidos pela polícia.
O governo diz que a carne era
parte do salário dos tripulantes.
A Folha foi recebida pela
coordenadora internacional da
campanha de Baleias da ONG,
Sara Holden, na sede do Greenpeace em Tóquio. Tendo em
vista os acontecimentos recentes, ela se deslocou da Holanda
para o Japão. No escritório,
que funciona em Nishi-Shinjuku, distrito conhecido pelos arranha-céus, ela contou que teme pelo futuro da ONG no país.
"A polícia revistou o escritório
e casas de integrantes. Ficou
dez horas na sede, levou sete
computadores, telefones e documentos. Temos medo de que
tentem fechar o escritório."
Até agora, quase 300 mil pessoas assinaram uma carta ao
governo japonês pedindo a libertação dos ativistas.
Impasse diplomático
A moratória à caça, a captura
científica e a criação de santuários de baleias são assuntos discutidos na CIB (Comissão Internacional da Baleia). Hoje, o
órgão é polarizado entre um
grupo de países baleeiros e outro de conservacionistas. Uma
proposta de um dos lados quase
sempre é vetada pelo outro. Na
reunião deste ano, em junho,
foi criado um grupo menor, que
tentará atingir consensos.
(AB)
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